Mais fragmentada, economia global deve enfrentar repetidos choques de oferta, diz Lagarde

Para ela, nesse ambiente, os bancos centrais podem e vão assegurar a estabilidade de preços.

Estadão Conteúdo

Presidente do BCE, Christine Lagarde, chega em Cúpula da UE em Bruxelas (Thierry Monasse/Getty Images)
Presidente do BCE, Christine Lagarde, chega em Cúpula da UE em Bruxelas (Thierry Monasse/Getty Images)

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou, nesta segunda-feira, 17, para o risco de que o mundo enfrente repetidos choques de oferta, à medida que a economia global se torna mais fragmentada em blocos concorrentes.

Em discurso na sede do Conselho de Relações Estrangeiras, em Nova York, Lagarde explicou que o relativo período de estabilidade nas cadeias produtivas globais parece estar dando lugar a um contexto de crescimento econômico mais lento, custos mais elevados e maiores incertezas comerciais.

Para ela, nesse ambiente, os bancos centrais podem e vão assegurar a estabilidade de preços. “Mas isso pode ser alcançado a um custo menor se outras políticas forem cooperativas e ajudarem a repor a capacidade de abastecimento”, destacou.

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Lagarde acrescentou que está “confiante” de que o governo e o Congresso dos Estados Unidos não “irão ao extremo” de violar o teto da dívida e ameaçar entrar em um inédito default da dívida pública.

Dominância do dólar e do euro

Em meio a crescentes debates sobre a dominância do dólar no comércio global, a presidente do Banco Central Europeu afirmou também que os dados recentes ainda não indicam mudanças “substanciais” no uso de moedas internacionais.

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No discurso na sede do Conselho de Relações Estrangeiras, Lagarde reconheceu que alguns países buscam alternativas como o yuan às divisas mais tradicionais. A dirigente não citou exemplos nominalmente, mas o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem defendido a substituição do dólar por outras moedas em algumas transações.

Para Lagarde, esses desdobramentos não apontam para uma iminente derrocada de dólar e euro como divisas de reserva. “Mas eles sugerem que os seus status de moeda internacional não devem mais ser considerados garantidos”, avaliou.

No caso do euro, Lagarde argumentou que a conclusão da união do mercado de capitais da União Europeia é fundamental para o futuro da moeda. “Projetos há muito adiados, como o aprofundamento e a integração de nossos mercados de capitais, não podem mais ser vistos apenas pelas lentes da política financeira doméstica”, ressaltou.