Lagarde pede que políticas fiscais sejam ponderadas para não aumentar pressões inflacionárias

Presidente do BCE diz que governos devem buscar políticas comprometidos em reduzir gradualmente altos índices de dívida pública

Roberto de Lira

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No atual ambiente de alta inflação na União Europeia, a política fiscal precisa ser ponderada para não aumentar ainda mais as pressões nos preços, afirmou hoje em discurso a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Ela defende que apoios fiscais por partes dos governos devem ser, portanto, direcionados, personalizados e temporários.

“Deve ser direcionado, para que o tamanho do impulso fiscal seja limitado e beneficie quem mais precisa; adaptado, de modo que não enfraqueça os incentivos para reduzir a demanda de energia; e temporário, para que o impulso fiscal não se mantenha por mais tempo do que o estritamente necessário”, listou em seu discurso.

Ela também pediu que, ao mesmo tempo, os governos devem buscar políticas fiscais que mostrem que estão comprometidos em reduzir gradualmente os altos índices de dívida pública.

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Lagarde disse que as taxas de juros são, e continuarão sendo, a principal ferramenta de combate à inflação. “Taxas de juros mais altas reduzem as pressões de demanda, tornando mais caro pedir dinheiro emprestado e influenciando o quanto as pessoas e as empresas gastam, economizam, emprestam e investem. Isso, por sua vez, pressionará os preços para baixo, embora os ajustes demorem a se fazer sentir na economia”, afirmou

A presidente do BCE disse ainda que os juros mais altos também têm um efeito imediato nas expectativas das pessoas e das empresas sobre a inflação futura, protegendo assim contra o risco de efeitos de segunda ordem.

“A inflação persistentemente alta pode levar a expectativas de inflação desancoradas, que então se tornam enraizadas nas negociações salariais e na fixação de preços. As espirais de preços e salários resultantes não apenas se mostrariam autodestrutivas em sustentar a renda real em toda a economia, mas também prejudicariam a capacidade produtiva da economia como um todo”, afirmou.

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Ela alertou ainda que mercados de trabalho fortes – com a taxa de desemprego ainda no nível historicamente baixo de 6,6% em setembro – provavelmente apoiarão salários mais altos. “Os dados recebidos sugerem que os salários estão subindo e continuaremos a avaliar suas implicações para as perspectivas de inflação de médio prazo”, analisou.

Para Lagarde, embora a política monetária esteja voltada para trazer a inflação de volta à meta de médio prazo, o cenário econômico também dependerá das ações dos demais envolvidos.

“A remoção das restrições ao crescimento econômico por meio de uma ambiciosa agenda de reformas econômicas na UE e nos níveis nacional não apenas restaurará a oferta que foi prejudicada pelos choques recentes. Também irá, com o tempo, fortalecer a resiliência de nossa economia em um mundo que está se tornando menos previsível”, disse.

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Ela saudou ainda as propostas da Comissão Europeia para reformar o quadro de governança econômica da UE. Segundo Lagarde, políticas fiscais sustentáveis ​​são necessárias não apenas para garantir a sustentabilidade da dívida no médio prazo, mas também para apoiar “as três principais transições que determinarão nosso futuro e nosso modelo de crescimento: rumo a uma energia mais limpa, maior segurança econômica e uma economia mais digital e produtiva.”