IPCA sobe 0,59% em outubro e interrompe sequência de três meses de deflação; consenso era alta de 0,48%

Com o dado referente a outubro, a inflação acumulada em 12 meses foi a 6,47%; no ano, a inflação está em 4,70%

Roberto de Lira

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,59%% em outubro na comparação com setembro, interrompendo uma sequência de três meses de deflação, informou nesta quinta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a inflação acumulado em 12 meses foi a 6,47%. No ano, a inflação está em 4,70%.

A alta mensal veio acima da expectativa do mercado, que era de uma deflação de 0,48% em outubro e de 6,34% em 12 meses, segundo o consenso Refinitiv.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito mostraram alta em outubro. A maior contribuição do mês, de 0,16 ponto porcentual (p.p.), veio de Alimentação e bebidas (+0,72%), que havia recuado 0,51% em setembro.

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Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (+1,16%) e Transportes (+0,58%), com impactos de 0,15 p.p. e 0,12 p.p., respectivamente. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 73% do IPCA de outubro. A maior alta do mês foi do grupo Vestuário (1,22%).

O único grupo com queda em outubro foi Comunicação (-0,48%), que contribuiu com -0,03 p.p. Os demais ficaram entre o 0,18% em Educação e o 0,57% em Despesas pessoais.

Alimentos e bebidas

A inflação de 0,72% no grupo Alimentação e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio (+0,80%). Os destaques entre os preços mais altos nessa categoria foram batata-inglesa (+23,36%) e tomate (+17,63%), que contribuíram conjuntamente com 0,07 p.p. no índice do mês. Houve aumentos, ainda, nos preços da cebola (+9,31%) e nas frutas (+3,56%).

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Entre as quedas, destacam-se o leite longa vida (-6,32%), que já havia recuado 13,71% em setembro, e o óleo de soja (-2,85%), em sua quinta queda consecutiva.

A variação da alimentação fora do domicílio (0,49%) ficou próxima à do mês anterior (0,47%). Enquanto o lanche desacelerou de 0,74% em setembro para 0,30% em outubro, a refeição seguiu caminho inverso, passando de 0,34% para 0,61%.

Saúde de cuidados pessoais

Em Saúde e cuidados pessoais, as maiores contribuições vieram dos itens de higiene pessoal (+2,28%) e planos de saúde (+1,43%), com impactos de 0,09 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Entre os itens de higiene pessoal, destacaram-se perfumes (+5,71%) e artigos de maquiagem (+3,90%).

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O resultado dos planos de saúde é consequência dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98 (planos antigos), com vigência retroativa a partir de julho. Em outubro, foram apropriadas as frações mensais dos planos antigos relativas aos meses de julho, agosto, setembro e outubro.

Transportes

Os Transportes, que passaram de uma deflação de 1,98% em setembro para uma alta de 0,58% em outubro, tiveram como destaque o recuo dos preços dos combustíveis (-1,27%) bem menos intenso foi menos intenso que no mês anterior (-8,50%).

Gasolina (-1,56%), óleo diesel (-2,19%) e gás veicular (-1,21%) seguiram em queda, enquanto o etanol registrou alta de 1,34%. Além disso, houve aumento expressivo nos preços das passagens aéreas (+27,38%), maior contribuição individual no IPCA de outubro (0,16 p.p.).

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Já os preços dos transportes por aplicativo, que haviam subido 6,14% em setembro, caíram 3,13% em outubro. O subitem ônibus urbano (-0,23%) seguiu em queda, refletindo redução de preços das passagens aos domingos em Salvador (-2,99%), válida desde 11 de setembro.

Vestuário

O resultado do grupo Vestuário (+1,22%) foi influenciado pelas altas tanto nos preços das roupas masculinas (+1,70%) como das roupas femininas (+1,19%). Nos últimos 12 meses, a variação acumulada do grupo foi de 18,48%, a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA.

Habitação

O grupo Habitação (+0,34%) desacelerou em relação a setembro (+0,60%), devido à queda do gás de botijão (-0,67%), cujos preços haviam subido 0,92% no mês anterior, e à desaceleração da energia elétrica (+0,30%) frente a setembro (+0,78%).

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As variações do subitem energia elétrica ficaram entre -9,88% em Curitiba e 13,03% em São Luís. Em São Paulo (-0,17%), houve reajuste de 2,07% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro e, em Goiânia (-0,72%), houve reajuste de 5,35% nas tarifas a partir de 22 de outubro. Apesar dos reajustes, o resultado de ambas as áreas ficou negativo por conta de reduções de PIS/Cofins.

Ainda em Habitação, a alta na taxa de água e esgoto (0,74%) foi fruto do reajuste médio de 13,22% nas tarifas de uma das concessionárias de Porto Alegre (6,40%), desde 29 de setembro.

Comunicação

O resultado de Comunicação (-0,48%) foi puxado para baixo pelo subitem plano de telefonia móvel (-2,05%), que contribuiu individualmente com -0,03 p.p. no índice do mês. A queda do grupo, no entanto, foi menos intensa que a observada em setembro (-2,08%).

Destaques regionais

Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram variação positiva em outubro. A maior variação ocorreu em Recife (0,95%), por conta das altas da energia elétrica (+9,66%) e das passagens aéreas (+47,37%). Já o menor índice foi registrado em Curitiba (+0,20%), por conta dos recuos nos preços da energia elétrica (-9,88%) e da gasolina (-2,40%).

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve queda de 0,32% em setembro, resultado muito próximo ao registrado em agosto (-0,31%). No ano, o INPC acumula alta de 4,32% e, nos últimos 12 meses, de 7,19%. Os produtos alimentícios passaram de alta de 0,26% em agosto para queda de 0,51% em setembro. Os preços dos não alimentícios, por sua vez, continuaram caindo (-0,26%), embora o recuo tenha sido menor que o do mês anterior (-0,50%).