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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,36% em agosto na comparação com julho, a segunda deflação consecutiva, e com isso desacelerou para 8,73% no acumulado em 12 meses. No ano, a inflação caiu para 4,39%.
O resultado ficou em linha com a expectativa do mercado, que era de uma deflação de 0,39% no mês passado e uma desaceleração do IPCA para 8,72% em 12 meses, segundo o consenso Refinitiv.
Com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (9), o IPCA acumulado em 12 meses voltou a ficar abaixo dos dois dígitos pela primeira vez em um ano (em agosto de 2011 ele estava em 9,68% e já preocupava economistas).
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A queda nos preços no mês passado foi novamente impulsionada pela redução no preço dos combustíveis, na esteira da desoneração do ICMS, da queda recente nos preços internacionais do petróleo e dos cortes que a Petrobras (PETR3;PETR4) tem feito nos preços da gasolina nas refinarias.
Assim como aconteceu em julho, quando o IPCA teve a maior deflação da história, o resultado de agosto foi puxado pela redução nos preços dos transportes (-3,37%). Sozinho, o grupo foi responsável por “retirar” 0,72 ponto percentual (p.p.) do índice no mês (veja mais abaixo).
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Também houve retração no grupo comunicação (-1,10%), com impacto de -0,06 p.p. no IPCA, devido à redução nos preços dos planos de telefonia fixa (-6,71%) e de telefonia móvel (-2,67%) — que também foi causada pela lei que limitou a alíquota do ICMS.
Entre as altas, o destaque foi saúde e cuidados pessoais (+1,31%), que contribuiu com +0,17 p.p. em agosto. Alimentação e bebidas subiu 0,24%, mas desacelerou em relação à alta de 1,30% de julho (e impactou o IPCA em 0,05 p.p.).
Todos os demais grupos também subiram, com altas entre 0,10% em habitação e 1,69% em vestuário (o grupo com a maior variação positiva no IPCA de agosto). No grupo habitação, os preços da energia elétrica residencial continuaram caindo (-1,27%), mas de forma menos intensa do que em julho (-5,78%).
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Combustíveis seguem em queda
O resultado dos transportes (-3,37%) foi influenciado mais uma vez pela queda no preço dos combustíveis (-10,82%), pois em agosto os preços dos quatro combustíveis pesquisados caíram. A maior queda foi novamente a da gasolina (-11,64%), que sozinha diminuiu o IPCA em 0,67 ponto percentual.
O preço do etanol caiu 8,67%, o do óleo diesel, 3,76%, e o do gás veicular, 2,12%. Os preços das passagens aéreas também tiveram forte queda (-12,07%), após quatro meses consecutivos de altas.
Saúde e vestuário puxam as altas
A alta de 1,31% nos preços de saúde e cuidados pessoais foi impulsionada pelos itens de higiene pessoal (+2,71%) e planos de saúde (+1,13%).
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Já a maior variação positiva no IPCA de agosto veio do grupo vestuário (+1,69%), cujos preços haviam desacelerado no mês anterior (+0,58%). As roupas femininas (+1,92%), as masculinas (+1,84%) e os calçados e acessórios (+1,77%) foram as maiores influências na alta de preços do grupo.
Inflação (e deflação) de alimentos
Ainda no lado das altas, os preços no grupo alimentação e bebidas (+0,24%) desaceleraram frente à alta de julho (+1,30%), mas itens importantes da alimentação dos brasileiros tiveram inflação, como o frango em pedaços (+2,87%), o queijo (+2,58%) e as frutas (+1,35%).
Mas também houve queda nos preços do tomate (-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (-5,56%), o que fez com que o resultado da alimentação no domicílio ficasse próximo da estabilidade (+0,01%). Já a alimentação fora do domicílio avançou 0,89%.
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Outro produto importante no consumo das famílias, o leite longa vida teve deflação de 1,78%. Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE, diz que o fim da entressafra “pode melhorar a situação”, mas ressalta “nos últimos meses os preços do leite subiram muito”. “No mês anterior a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto, mas ainda seguem altos”.
Meta de inflação
Apesar dos dois meses seguidos de deflação, o IPCA acumulado em 12 meses ainda segue muito acima da meta do Banco Central (8,73%, contra um um centro da meta de 3,5%). Como a tolerância é de 1,5 ponto percentual, a meta será cumprida se a inflação ficar entre 2% a 5% em 2022.
O BC já não conseguiu cumprir a meta em 2021 (quando o IPCA ficou em 10,06%), e o mercado acredita que a autoridade monetária também não vai conseguir cumpri-la em 2022 e 2023. Caso o cenário projetado atualmente ocorra, a meta não seria atingida por três anos consecutivos.
O mercado acredita que a inflação vai desacelerar para 6,61% até o fim do ano e para 5,27% no fim de 2023, segundo o último relatório Focus. Mas ambos os valores estão muito acima da meta do BC (entre 2% e 5% e entre 1,75% e 4,75%, respectivamente), mesmo com uma Selic em 13,75% ao ano.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse nesta semana que o Brasil provavelmente terá três meses seguidos de deflação, mas que a batalha contra a inflação não está ganha e que há elementos de preocupação.
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