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SÃO PAULO – Um dos componentes essenciais para que o Instituto Butantan (São Paulo) possa continuar a produção da CoronaVac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo instituto e pelo laboratório chinês Sinovac, é a matéria-prima desse imunizante. O insumo é chamado de “ingrediente farmacêutico ativo” (IFA) e deve ser importado da China.
Segundo informações da jornalista Julia Duailibi, do site de notícias G1, a expectativa do governo paulista é de receber 5,4 mil litros de insumos para a CoronaVac ainda na semana que vem (25 a 31 de janeiro). De acordo com explicação dada por Covas em coletiva de imprensa na última segunda-feira (18), mil litros do princípio ativo permitem a produção de um milhão de doses. Logo, esse lote de insumos deve permitir que o Instituto Butantan produza cerca de 5,5 milhões de doses da CoronaVac.
O InfoMoney entrou em contato com o Instituto Butantan para confirmar a informação dada pelo G1. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Butantan afirmou que desconhece os prazos apresentados na reportagem, mas afirma que espera receber os insumos o “mais rapidamente possível”. O instituto também afirmou que, por ora, a falta dos insumos não atrapalha o envase das doses ou o cronograma de entrega das doses ao Ministério da Saúde.
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Mas, questionado sobre a capacidade de produção da CoronaVac, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que a produção do Butantan está condicionada à entrega desses insumos ao Brasil. Também na coletiva de segunda-feira, o diretor confirmou que a capacidade de produção do instituto é de um milhão de doses por dia, caso a decisão do governo chinês para exportar insumos seja positiva.
Governo paulista cobra agilidade dos chineses
Também na coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo, afirmou que a expectativa do governo estadual é de que a China dê uma resposta sobre a exportação dos insumos até a manhã da próxima quarta-feira (20). O acordo entre o governo de São Paulo e a farmacêutica chinesa Sinovac prevê a compra de 46 milhões de doses da vacina.
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“Em relação à China, o Instituto Butantan renovou hoje [18] a solicitação para agilidade na destinação dos outros insumos. Nós compramos 46 milhões de doses da vacina. Quero aproveitar para esclarecer que quem fez a compra foi o governo do estado de SP e o Instituto Butantan. Agora, nós estamos disponibilizando, e obviamente vendendo, a vacina para o Ministério da Saúde. Mas a responsabilidade é do governo de São Paulo. Vamos aguardar até quarta-feira pela manhã [20], dada a diferença de fuso horário coma China, para ter esta confirmação”, disse.
Segundo o G1, os estoques atuais de insumos devem terminar no final de janeiro. O site de notícias afirma que os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores estão em contato com a China para reforçar essa necessidade de matéria-prima.
A CoronaVac é a única vacina que já está sendo utilizada na campanha de imunização, seja estadual ou nacional. Esse impasse envolvendo falta dos insumos para a confecção das vacinas contra Covid-19 levanta debates sobre outros problemas logísticos que a vacinação no país pode enfrentar. Em uma reportagem recente, o InfoMoney mostrou as principais dificuldades que o Brasil deve ver com a distribuição dos imunizantes.
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Novo pedido de uso emergencial
Na mesma coletiva, Covas disse que enviou um novo pedido de uso emergencial da CoronaVac à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dessa vez, solicitando autorização para uso de todas as doses envasadas pelo Instituto Butantan. Atualmente, o Butantan tem 4,8 milhões de doses prontas e aguardando liberação.
Covas explicou que essa autorização é diferente da expedida pela agência reguladora no último domingo (17), quando a Anvisa autorizou o uso emergencial das primeiras 6 milhões de doses. Na última segunda-feira (18), a vacinação teve início em seis hospitais do estado de São Paulo, com cerca de 1,4 milhão de doses. O restante (4,6 milhões) começou a ser distribuído pelo governo federal aos outros estados do país.