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A divulgação da inflação para os consumidores americanos maior que a esperada no mês de agosto praticamente definiu que o Federal Reserve deve decidir por uma elevação de 0,75 ponto porcentual nas taxas de juros dos EUA na semana que vem, avaliam analistas de mercado.
O Departamento de Trabalho informou que a taxa mensal cheia subiu 0,1% ante julho (o consenso era de uma deflação de 0,1%) e que a comparação anualizada ficou em 8,5%, quando se esperava 8,3%.
“Praticamente tirou qualquer dúvida sobre a chance (de o Fed) desacelerar o ritmo. Cria inclusive uma dúvida para reunião de novembro”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos. Ele destaca que para essa reunião de novembro, 83% do mercado ainda estava prevendo uma alta de apenas 0,5 ponto percentual (p.p.) e que apenas 7,3% apostavam numa alta de 0,75 ponto (ou 75 pontos-base), mas que essa parcela deve aumentar nas próximas semanas.
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Para Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, o mercado vai colocar “prêmio na curva”, uma vez que diversos setores ainda seguem persistentes na inflação, com exceção da energia, por conta da diminuição do preço da gasolina.
“Acredito que vamos começar a ter precificação de alta de 75 pontos-base nos juros pelo Fed na semana que vem, além de mais uma alta de 75 pontos-base em novembro, levando os juros para o fim do ano entre 4,25% e 4,5%. Essa inflação está se mostrando muito mais persistente do que o Fed imaginava. E Powell (Jerome Powell, presidente do banco central americano) já havia afirmado que seguem firmes com o objetivo de controlar a inflação”, afirma Fares.
O Morgan Stanley aponta que o número de agosto claramente envia uma mensagem hawkish (no sentido de aperto monetário), já que os sinais de desaceleração das pressões sobre os preços em julho provaram ser de curta duração.
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Na avaliação dos economistas do banco, é improvável que o dado mude muito o caminho da política de curto prazo do Fed, já que as comunicações dos integrantes da autoridade monetária na semana passada já tinham definido claramente o ritmo de 75 pontos-base para o Fomc deste mês, destacam.
“Dito isso, o dado deste mês aumenta a dificuldade para o Fed gerenciar uma eventual redução no ritmo de aperto de 75 pontos-base para 50 pontos-bases e além, o que esperamos que aconteça no Fomc de novembro. A pressão mais sustentada dos serviços básicos, em particular os aluguéis, pode levar o Fed a contemplar um ciclo de aperto mais longo e uma taxa de máxima mais alta”, reforçam.
A plataforma de monitoramento do CME Group aponta que as expectativas no mercado financeiro de que os juros do Federal Reserve superem 4% até o fim deste ano cresceram após divulgação do CPI.
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A ferramenta aponta para 47,5% de chance de que a taxa básica termine o ano na faixa entre 4,00% e 4,25%, de 20,1% antes do dado. Indica ainda 19,8% de probabilidade de que os juros atinjam o intervalo de 4,25% a 4,50% até dezembro, e 2,3% de que chegue ao nível de 4,50% a 4,75%. Atualmente, as Fed Funds estão entre 2,25% e 2,50%.
Após o dado de inflação, o Goldman Sachs aumentou a projeção de avanço dos juros de 0,25 ponto para 0,5 ponto na reunião do Fed de dezembro, enquanto projeta uma elevação dos juros em 0,75 ponto percentual na reunião do dia 21. Com a alta deste mês, seguidos por aumentos de 0,5 ponto em novembro e dezembro, a taxa de juros final de 2022 iria para entre 4% e 4,25%.
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