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O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) de Chicago, Charles Evans, disse nesta segunda-feira (10) que a inflação é o principal problema enfrentado pela economia nos EUA e em outras partes do mundo. Segundo ele, reduzir a inflação a um nível consistente com a meta de 2% anuais perseguida pelo Fed exigirá um período de condições financeiras restritivas para restaurar um melhor equilíbrio entre oferta e demanda em toda a economia.
Em discurso no encontro anual da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês), Evans lembrou que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) aumentou rapidamente desde o ano passado – de menos de 1% em meados de 2020 para 6,2% nos dados mais recentes de agosto. Excluindo alimentos e energia, os preços básicos do PCE subiram 4,9% nos últimos 12 meses.
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“Isto irá gerar um crescimento abaixo da tendência e algum abrandamento das condições do mercado de trabalho. Mas garantir uma inflação baixa e estável é um pré-requisito para alcançar resultados sólidos e sustentados no mercado de trabalho que tragam benefícios a todos em nossa sociedade”, alertou.
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Ele lembrou que o gráfico de projeções dos integrantes do Fomc (o chamado “dot-plot”) apontou em setembro que a maioria dos participantes está olhando para algo como mais 100 a 125 pontos-base de aumentos de taxa neste ano, com a projeção mediana para a taxa de fundos federais subindo um pouco mais, para 4,6% no final do próximo ano.
Perfil de consumo
Para Evans, a pandemia induziu uma mudança no perfil de gastos das famílias, que passou de serviços, como viajar ou jantar fora, para bens, como eletrodomésticos, projetos de melhoria da casa ou eletrônicos de consumo.
“Muitas empresas produtoras de bens lutaram para acompanhar essa forte demanda, principalmente porque enfrentaram interrupções relacionadas à covid-19 nas cadeias de produção e suprimentos. A escassez de mão de obra devido a uma ampla queda na participação da força de trabalho também fez parte da história”, recordou.
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A inflação começou a subir no início de 2021, destacou, quando os preços subiram acentuadamente para bens especialmente sensíveis a problemas na cadeia de suprimentos, e para serviços que estavam apenas começando a reabrir após as paralisações da pandemia.
“Levamos tempo para chegar lá, mas hoje há vários sinais de que as dificuldades da cadeia de suprimentos estão melhorando: os portos estão menos congestionados, os custos de frete estão caindo e os prazos de entrega dos fornecedores estão melhorando. E com a recuperação da pandemia, algum ‘calor’ está saindo de itens como passagens aéreas e preços de hotéis”, disse
Segundo ele, nem tudo está bem ainda. Um exemplo citado foi a escassez de microprocessadores, que atrasou a produção de veículos automotores. “A escassez de chips parece estar amplamente resolvida, mas a falta de outras peças agora está limitando as montagens”, comentou.
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Mercado de trabalho
Sobre o mercado de trabalho, o presidente do Fed de Chicago considera que ainda continua aquecido nos EUA, com crescimento robusto de empregos, aumento de vagas e uma taxa de desemprego que está no nível abaixo do observado antes da crise do covid-19.
No entanto, segundo ele, já há relatos e dados apontando para uma redução da rotatividade de empregos e que está mais fácil encontrar trabalhadores qualificados. “Esses são sinais de que parte da força incomum da demanda por mão de obra pode estar diminuindo”, avaliou.
“O aumento salarial e os arranjos de trabalho mais flexíveis podem ser parte da explicação, assim como o crescimento mais suave dos gastos. Até o momento, esses relatórios não apareceram fortemente nos dados agregados, embora o crescimento do emprego tenha moderado parte de seu ritmo extremamente rápido e o relatório Jolts da semana passada trouxe uma queda notável nas vagas.”