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SÃO PAULO – Paulo Guedes, ministro da Economia, elencou quatro privatizações que devem acontecer até o final do próximo ano: Correios, Eletrobras, Porto de Santos e contratos da PPSA.
O ministro afirmou que o governo já gastou cerca de R$ 800 bilhões para combater a pandemia do novo coronavírus. As quatro privatizações, segundo o ministro, poderiam adicionar dois terços desse valor aos cofres públicos.
“Até dezembro de 2021, essas companhias devem sumir. Serão apenas um ponto de partida”, disse Guedes durante o evento online Bloomberg Emerging + Frontier Forum 2020, realizado nesta terça (10).
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“Tivemos anos difíceis porque não tínhamos acesso político, não sabíamos nos mover em Brasília”, afirmou. “Agora costuramos uma coalizão e acredito que as reformas serão aceleradas. Sinto como se este fosse nosso primeiro dia de governo. Estamos apenas começando.”
O ministro já havia falado hoje mais cedo, em evento realizado pela Corregedoria Geral da União (CGU), sobre sua frustração em não ter conseguido privatizar nenhuma companhia em seus quase dois anos no cargo. Nos dois eventos, Guedes disse que acordos políticos na Câmara dos Deputados e no Senado impediram as privatizações até o momento.
Gastos públicos e auxílio emergencial em 2020
Assim como no evento da CGU, Guedes ressaltou um compromisso em manter reformas estruturais e teto de gastos públicos. O ministro citou a queda na taxa básica de juros, a preocupação em estabilizar a dívida pública como razão do PIB, e o reajuste do salário mínimo sem ganhos até final de 2021. O esforço fiscal já teria atingido 8,2% do PIB, e o ministro espera que essa porcentagem caia para 2% em 2021.
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Boa parte do esforço fiscal deste ano veio na forma do auxílio emergencial. “O primeiro número de auxílio emergencial que o governo propôs foi muito razoável. O Congresso triplicou o valor do auxílio e dobrou a população elegível. Foi uma competição de quem pagava mais”, disse Guedes.
“Estamos faseando a redução dos estímulos fiscais e trabalhando na nossa dívida pública como razão do PIB”, completou o ministro. O indicador encerrou setembro em 90,6%. “Teremos um processo político [após o fim do auxílio emergencial] e estamos determinados a voltar com nosso programa de ajuste fiscal. Vamos abrir a economia, acelerar privatizações e ir de uma recuperação cíclica baseada no consumo para um crescimento consistente com base em investimento privado.”
Guedes destacou uma proposta de renda básica que viria desde a campanha presidencial, sem citar o nome Renda Cidadã. De acordo com o ministro, um programa de renda básica com foco na população da baixa renda, não universal, será avançado ainda neste atual mandato.
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Possível segunda onda e auxílio emergencial em 2021
Um estudo da FGV Social mostra que o número de pobres no Brasil caiu 23,7% entre 2019 e agosto deste ano, o que representa 15 milhões de pessoas. Os dados estão diretamente ligados à concessão de auxílios governamentais dados em meio à pandemia, que irão se extinguir até o fim do ano. Segundo afirmou anteriormente o economista Marcelo Neri, que coordenou o levantamento, “é cristalino” que esse contingente retornará à pobreza a partir de 31 de dezembro, quando terminaria a concessão do auxílio emergencial.
Guedes negou diversas vezes nos últimos meses que o auxílio emergencial será estendido. “É claro que vamos remover esses números insustentáveis assim que a doença for embora”, afirmou o ministro.
Sobre uma possível segunda onda da pandemia no país, o ministro afirmou “que trabalha com fatos”. “Se vier uma segunda onda, podemos continuar com gastos. Já temos um mecanismo de digitalização dos brasileiros, sabendo onde estão e de quanto precisam para sobreviver. Podemos filtrar excessos e certamente usar valores menores”, disse. “Mas definitivamente não vamos usar uma doença que já passou como desculpa para um movimento financeiro irresponsável”. Guedes já havia expressado um raciocínio similar em outubro, durante evento promovido pela XP Investimentos.
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O ministro afirmou que “os contágios estão caindo enquanto a economia se recupera fortemente, com aceleração de criação de trabalho”. De acordo com informações da pasta, o Caged registrou 1,595 milhão de demissões líquidas de março até junho. Já nos últimos três meses, entre julho e setembro, 697.296 postos formais foram recriados, uma recuperação de 43,73%. “Nós temos um belo V, com três meses de destruição de empregos e três meses recuperando”, afirmou Guedes no Bloomberg Emerging + Frontier Forum 2020.
Sobre a expectativa de crescimento de 3,2% do PIB para 2021, Guedes se mostra otimista. “É apenas uma projeção, poderá haver uma surpresa se as coisas forem bem. E imagino que irão.”