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A Fitch Ratings reafirmou nesta terça-feira (14) o rating soberano BB- para o Brasil, com perspectiva negativa. A nota soberana atribuída ao Brasil mantém o país no grupo de países considerados mais arriscados, o chamado “grau especulativo”.
De acordo com a agência de classificação de risco, a classificação de risco do Brasil é apoiada por sua economia grande e diversificada, alta renda per capita em relação aos pares e capacidade de absorver choques externos sustentada por sua taxa de câmbio flexível, desequilíbrios externos moderados, reservas internacionais robustas e status de credor externo soberano líquido.
Isso, por sua vez, é contraposto pelas altas necessidades de financiamento do Brasil e endividamento do governo, uma estrutura fiscal rígida, potencial de crescimento econômico fraco e um cenário político difícil que impede o progresso nas reformas fiscais e econômicas.
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A perspectiva negativa, por sua vez, reflete riscos para a economia e de deterioração para as finanças públicas e para a trajetória da dívida num contexto de restrições nas condições de financiamento e de aumento das dúvidas sobre a credibilidade do teto de gastos, na sequência de alterações do seu cálculo para dar lugar a despesas sociais adicionais.
“As incertezas fiscais, a alta inflação e a volatilidade do real vão pesar sobre a economia em 2022 e aumentar o risco de uma recessão, enquanto os custos de empréstimos soberanos mais altos, juntamente com um déficit primário mais alto, levarão a uma deterioração renovada das finanças públicas em 2022. Riscos de baixa poderiam ser exacerbados por uma corrida eleitoral potencialmente polarizadora em 2022”, avaliam.
A Fitch projeta que o crescimento econômico desacelerará drasticamente para 0,5% em 2022 após uma expansão estimada de 4,8% em 2021.
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O progresso na vacinação (mais de 65% da população totalmente vacinada) está facilitando a reabertura econômica, enquanto a aceleração da economia global e os altos preços das commodities também apoiaram o crescimento este ano.
No entanto, o forte aperto das condições de financiamento interno devido a preocupações fiscais e política monetária mais restritiva pesará sobre o crescimento em 2022, avalia a agência. O ciclo eleitoral de 2022 também pode limitar o apetite ao investimento, assim como uma agenda de reforma econômica que estagnou após algum progresso no início de 2021.
A preocupação fiscal é bastante reiterada pela agência, que projeta que o déficit do governo geral cairá para 5,1% do PIB em 2021, de perto de 14% em 2020, mas subirá para quase 8% em 2022.
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“As perspectivas de consolidação fiscal de médio prazo serão influenciadas pelo resultado das eleições de 2022. Embora a Fitch presuma que o próximo governo cumpra o teto de gastos, mudanças adicionais no teto não podem ser descartadas. Dado o baixo nível de gastos discricionários e a crescente rigidez orçamentária com a introdução do ‘Auxilio Brasil’, outras reformas podem ser necessárias para conter os gastos obrigatórios a fim de cumprir o teto de gastos de maneira sustentada”, avalia.
O ambiente político do Brasil também conta com ingredientes como atritos ocasionais entre os diferentes ramos do governo, avalia, tornando improvável que haja mais progressos na agenda de reformas, em grande parte paralisada, antes das eleições do próximo ano. O cenário básico da Fitch assume que o ruído político e a volatilidade provavelmente permanecerão altos durante 2022, antes das eleições presidenciais e parlamentares em outubro. Além do presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Lula deve sair candidato.
“O surgimento de um candidato centrista confiável é incerto. Independentemente de quem ganhe, o próximo presidente herdará uma economia fraca, com desafios fiscais consideráveis e confiança enfraquecida em torno do teto de gastos, aumentando assim a necessidade de ajustes e reformas fiscais. A fragmentação do Congresso continuaria após as eleições, representando um desafio para a construção de consenso, mas também evitando uma mudança radical nas políticas econômicas”, aponta.
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Além disso, a Fitch projeta que o ambiente externo seja menos favorável em 2022, com o crescimento na China (um parceiro comercial importante) previsto para desacelerar para 4,8% de 8% em 2021 e com o aperto da política monetária dos EUA. Os principais riscos negativos para o crescimento incluem o agravamento de ventos contrários externos, intensificação da volatilidade financeira e deterioração do sentimento doméstico devido a erros de política e/ou eleições, e seca que aumenta os preços da eletricidade ou restrições de fornecimento. A nova variante do coronavírus ômicron também pode representar riscos, avalia.
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