Diplomata ucraniano critica falas de Lula sobre a guerra e renova convite para visita ao país

Oleg Nikolenko escreveu em rede social que não se pode tratar posições ucraniana e russa no conflito com o mesmo peso

Roberto de Lira

(Foto: ANSA)
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O porta-voz da diplomacia da Ucrânia, Oleg Nikolenko, criticou nesta terça-feira (18) as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que trataram seu país e a Rússia com o mesmo peso na análise do conflito que já dura mais de um ano. Ele também citou o fato de o governo brasileiro fazer menções negativas aos países que ajudam a Ucrânia a defender-se contra “a agressão mortal” e a acusação de com isso estariam incentivando a guerra.

Durante sua visita à China na semana passada, Lula disse em entrevista que  era preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. “É preciso que a União Europeia comece a falar em paz pra que a gente possa convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo mundo e a guerra só tá interessando, por enquanto, aos dois”, disse Lula.

“A Ucrânia não precisa ser convencida de nada. A guerra é travada em solo ucraniano e causa sofrimento e destruição indescritíveis. Mais do que ninguém no mundo, esforçamo-nos para acabar com a agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo presidente Zelensky”, escreveu o diplomata em sua conta no Facebook.

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Nikolenko, no entanto, disse que seu país está assistindo “com interesse” os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra. Ele renovou o convite para que Lula visite a Ucrânia, “parta entender as reais causas e essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global”.

Os comentários de Nikolenko acontecem no dia seguinte a uma visita que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fez a Lula em Brasília. Na presença do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, Lavrov disse as visões do Brasil e da Rússia “são similares em relação aos acontecimentos”.

Tanto os Estados Unidos como a União Europeia criticaram ontem as declarações de Lula. Para a Casa Branca, o posicionamento é “profundamente problemático” e “equivocado”, além de repetir propaganda da Rússia e da China.