Davos: Vice-premiê chinês diz que porta do país se abrirá ainda mais com novas regras contra a covid-19

Liu He disse em discurso que a China se opõe aos unilateralismo e ao protecionismo e defendeu o fortalecimento da cooperação internacional

Roberto de Lira

Estátua de Mao e bandeira da China 
 (Foto: Getty Images)
Estátua de Mao e bandeira da China (Foto: Getty Images)

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O vice-premiê da China, Liu He, disse hoje no Fórum Econômico Mundial que os investimentos estrangeiros são bem-vindos na China e que a porta do país para o exterior “só se abrirá ainda mais” com a flexibilização das restrições impostas para o combate à covid-19, como o abandono de requisitos de quarentena e outras limitações de viagens que estavam em vigor desde o início de 2020.

Liu repetiu a formulação apresentada pela primeira vez pelo presidente Xi Jinping em 2017, reiterando que na China os mercados desempenharão um “papel decisivo na alocação de recursos”. Ele disse: “Algumas pessoas dizem que a China irá para a economia planificada. Isso não é possível.

Em seu discurso especial no Fórum, que está sendo realizado em Davos, na Suíça, o vice-primeiro-ministro ofereceu garantias aos participantes sobre a continuação da liberalização e o afrouxamento das restrições ao setor imobiliário da China.

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Liu observou que o setor imobiliário, que viu alguns titãs enfrentarem o colapso em 2021 e 2022, incapazes de cumprir as obrigações da dívida, continua sendo um pilar da economia chinesa. “(O setor) É responsável por quase 40% dos empréstimos bancários, 50% dos recursos fiscais globais do governo local e 60% dos ativos domésticos urbanos”, disse ele.

“Se não forem tratados adequadamente, os riscos no setor imobiliário provavelmente desencadearão riscos sistêmicos.”

Ele lembrou que as autoridade relaxaram as restrições que foram introduzidas para lidar com o superaquecimento do mercado imobiliário local, a política das “Três Linhas Vermelhas” introduzidas em agosto de 2020. Segundo essas regras, as empresas podem sofrer restrições para aumentarem seu endividamento se não cumprirem critérios como relação passivo/ativo inferior a 70%, índice de alavancagem líquida inferior a 100% e relação caixa/dívida de curto prazo de pelo menos 1.

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Sobre os temores de que a agenda de Prosperidade Comum da China gere uma redistribuição radical de riqueza, Liu a descreveu como uma “tarefa de longo prazo que requer uma abordagem incremental e gradual” e não algo a ser alcançado da noite para o dia. Ele disse que a prosperidade comum visa prevenir a polarização. “Prosperidade comum não é de forma alguma sinônimo de igualitarismo ou bem-estar”.

Liu também destacou o compromisso da China com a globalização. “Nos opomos ao unilateralismo e ao protecionismo e esperamos fortalecer a cooperação internacional com todos os países para a estabilidade e o desenvolvimento econômico mundial e a promoção da reglobalização econômica.”

Ele reafirmou ainda os objetivos duplos da China de atingir o pico de emissões de carbono antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060. “A neutralidade de carbono é uma obrigação internacional da China”, disse ele. “Isso também é o que a China precisa para impulsionar o crescimento interno. Não é algo imposto a nós, mas algo que queremos fazer”.