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(Reuters) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que críticas feitas a ele pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem indicar uma falta de conhecimento sobre “as regras do jogo” do processo de autonomia da autarquia.
Em seminário promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, ele ressaltou que a autonomia vai exatamente no sentido contrário à personalização das decisões da autoridade monetária e dá força ao colegiado do Banco Central, com os diretores também tendo autonomia para se opor ao presidente da instituição.
“É feito exatamente para você ter esse ‘checks and balances’, esse equilíbrio, que é a regra do jogo. Acho que a personificação de uma pessoa demonstra falta de conhecimento do processo que foi instalado e do amadurecimento institucional que o Banco Central está passando”, disse Campos Neto ao ser questionado sobre como vê as críticas de Lula.
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“Mas acho que isso vai ao longo do tempo ficando mais claro para a sociedade e para o Executivo”, acrescentou.
Campos Neto disse, ainda, acreditar que o indicado pelo governo à diretoria de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, tem capacidade técnica para ocupar o cargo.
Em meio a críticas ao nome de Galípolo, braço direito do ministro Fernando Haddad na Fazenda, por suposta intervenção do governo no BC, Campos Neto disse que qualquer indicado ao Banco Central que venha de fora da instituição perceberá que há um quadro “muito técnico” na autarquia.
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“Se você quiser desviar muito da opinião técnica, precisa ter um processo de convencimento”, disse Campos Neto. “Esse processo de convencimento é técnico e, se depois de tudo isso, um diretor tiver uma opinião muito diferente do quadro técnico e dos outros diretores, vai ter um debate, a comunicação vai refletir aquele debate e a sociedade e os mercados vão julgar ao longo do tempo.”