Contribuir com a luta indígena é sinônimo de defender a floresta

A cultura de doação na visão dos povos originários quer a preservação da biodiversidade

Ana Julia Rodrigues

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As reivindicações dos povos originários para terem seus direitos respeitados não são um assunto novo e os inúmeros problemas enfrentados por eles foram agravados nos últimos anos – pela crise provocada pela pandemia e especialmente pela falta de políticas públicas que garantam seus direitos. 

Além da perda cada vez maior de seus territórios, as violações passam por preconceito, agressão, falta de acesso à saúde e outros serviços públicos essenciais. Segundo dados de 2020 da organização Survival International, o Brasil tem cerca de 305 povos indígenas, totalizando aproximadamente 900 mil pessoas, que se comunicam por, ao menos, 200 línguas diferentes. E é nessa diversidade que  jovens lideranças de diferentes etnias indígenas passaram a se mobilizar ainda mais nas esferas política e social, em busca de soluções que vão além de apoios emergenciais.

“O movimento indígena é um movimento antigo, datado dos anos 1970, que teve várias conquistas. E hoje, dentre os jovens indígenas temos vários comunicadores fazendo um belíssimo trabalho e trazendo essa nova forma de mostrar a nossa luta nas redes sociais, em um novo arranjo super importante”, pontua Kleber Karipuna, liderança indígena do povo Karipuna do Amapá, atuante na luta do movimento indígena há mais de 20 anos e coordenador de projetos da Apib – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e liderança de base da Coiab – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

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A visibilidade do movimento, seja por meio das informações compartilhadas nas redes, seja pela organização a pressionar o governo por políticas efetivas, contribui para o fortalecimento da luta por direitos, entretanto há ainda um longo caminho a ser percorrido para que a filantropia, a cultura de doação e a sociedade como um todo compreenda de fato a luta dos povos originários que começa com “manter a floresta em pé”. 

“A solidariedade para nós, povo indígena Karipuna, é respeito um ao outro. Respeitar a natureza, respeitar toda a biodiversidade. E esse respeito começa de uma forma que nós pedimos licença à natureza”, explica Adriano Karipuna, líder indígena do povo Karipuna de Rondônia, autor do livro  “Da floresta para o mundo”, onde fala sobre os desafios de viver na cidade e a ameaça constante de invasão aos territórios indígenas.

E a luta pela biodiversidade não deve ser responsabilidade apenas dos povos indígenas, a conservação ambiental, segurança alimentar, empoderamento comunitário – com base nos  Objetivos  do Desenvolvimento Sustentável, contribui não apenas para melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas Brasil afora. 

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“Eu sou uma pessoa que eu luto muito pela floresta viva e eu procuro muito conversar com as pessoas assim, que vamos cuidar do nosso chão, vamos cuidar da nossa floresta, que ela serve para nós, tanto para nós quanto para as outras pessoas que estão lá fora. No outro lado do mundo, se hoje a gente preservar a floresta, vai servir tanto para nós e tanto para as outras pessoas que estão bem longe da gente, né?”, completa Joelma Lopes, da comunidade Carão, região da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns – comunidade que é uma das beneficiadas pelo projeto Saúde & Alegria, que atua na Amazônia desde 1987. 

No Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, o podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa!, produzido pelo Instituto MOL, convida a refletir sobre a contribuição dos povos originários para a cultura de doação. 

O podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa!, que vai ao ar todas as terças-feiras, é uma produção do Instituto MOL com apoio do Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, além de divulgação do Infomoney.