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No mesmo dia em que o presidente chinês Xi Jinping inicia uma visita de três dias à Rússia, na qual tem diversos encontros agendados com Vladimir Putin, o Ministério de Relações Exteriores da China divulgou um extenso e crítico relatório sobre o estado da democracia nos Estados Unidos.
Segundo o documento, apesar dos problemas crescentes em casa, os EUA continuaram a se comportar “com senso de superioridade, apontar o dedo para os outros, usurpar o papel de ‘professor de democracia’ e a reproduzir a falsa narrativa de ‘democracia versus autoritarismo’”.
No preâmbulo do documento oficial, o governo chinês afirma que, no ano passado, continuou nos EUA o ciclo vicioso de pretensões democráticas, política disfuncional e de uma sociedade dividida. O ministério cita entre os problemas a política monetária, a política de identidade, as divisões sociais e o abismo entre ricos e pobres.
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“As doenças que afligem a democracia americana infectaram profundamente as células da política e da sociedade dos EUA e revelaram ainda mais o fracasso da governança e os defeitos institucionais dos EUA”, diz o relatório.
Citando reportagens de jornais americanos e opiniões de “think tanks” locais, os chineses argumentam que, dois anos após os distúrbios do Capitólio – em 6 de janeiro de 2021 -, o sistema democrático dos EUA ainda tem dificuldade em aprender as lições, pois a violência política continuou a crescer e se deteriorar.
No relatório, a China afirma que o surgimento de facções radicais nos partidos Democrata e Republicano afetou o tradicional equilíbrio interpartidário baseado no compromisso político. Assim os dois lados se veem não apenas como adversários políticos, mas também como uma ameaça ao país.
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Os Estados Unidos da América tornaram-se os estados desunidos. A discórdia entre as duas Américas se aprofundava a cada dia e a polarização política atingiu um nível sem precedentes.”
Entre as provas desse ambiente conturbando, a China citou a invasão por autoridades federais em agosto passado da residência do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago.
Política externa
Sobre a política externa americana, os chineses alegam que ela tem se tornado cada vez mais “extrema”, o que é prejudicial não só para muitos países em desenvolvimento, mas também representa uma ameaça para os próprios aliados dos Estados Unidos.
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“Para manter sua hegemonia, os EUA há muito monopolizam a definição de ‘democracia’, instigando divisão e confronto em nome da democracia e minando o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional sustentada pelo direito internacional.”
Sobre a posição americana em relação à guerra entre Ucrânia e Rússia, os chineses acusam os EUA de terem aproveitado o conflito como oportunidade lucrativa.
“Em vez de tomar quaisquer medidas que conduzam ao fim das hostilidades, os EUA continuaram alimentando as chamas e fizeram uma enorme fortuna com o negócio da guerra, incluindo a indústria de armas e o setor de energia”, diz o documento.
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O relatório conclui que a democracia é o valor comum da humanidade, mas que não existe um modelo único de sistema político aplicável a todos os países do mundo.
“Os EUA têm uma democracia de estilo americano, a China tem uma democracia de estilo chinês e outros países têm seus próprios modelos únicos de democracia que atendem às suas respectivas condições nacionais. Deve caber ao povo de um país julgar se o país é democrático ou não e como promover melhor a democracia em seu país. Os poucos países hipócritas não têm o direito de apontar o dedo.”