Ata do Fomc: Comitê vê resiliência da atividade econômica e retira previsão de leve recessão

Diretores do Fed veem inflação do consumo PCE de 12 m3ses ainda elevada a alertam para mercado de de trabalho ainda aquecido

Roberto de Lira

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O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve não julga mais que economia vá entrar em uma leve recessão no final deste ano, mas reafirma que inflação dos preços ao consumidor (PCE) de 12 meses permanece elevada. As informações estão na Ata da reunião realizada entre os dias 25 e 26 de julho, quando o Comitê decidiu por elevar os juros básicos da economia americana em 0,25 ponto percentual.

Segundo o documento, a previsão econômica preparada pela equipe para a reunião de julho se mostrou mais forte do que a projeção de junho. “Desde o surgimento do estresse no setor bancário em meados de março, os indicadores de gastos e atividade real ficaram mais fortes do que o previsto. Como resultado, a equipe não mais julgou que a economia entraria em uma leve recessão no final do ano”, diz a Ata

Segundo o documento, durante o período entre duas últimas as reuniões, os participantes do mercado interpretaram as divulgações de dados econômicos domésticos como indicando resiliência contínua da atividade econômica e algum alívio das pressões inflacionárias. E viram as comunicações de política monetária como apontando para uma política um pouco mais restritiva do que o esperado.

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“A trajetória implícita do mercado para a taxa dos fundos federais aumentou modestamente, e os rendimentos nominais do Tesouro aumentaram um pouco em vencimentos mais curtos. Enquanto isso, os preços gerais das ações aumentaram e os spreads dos títulos corporativos com grau de investimento e especulativo diminuíram moderadamente”, diz a Ata

Mercado de trabalho

Os participantes também observaram, no entanto, que embora o crescimento da folha de pagamento tenha desacelerado recentemente, ele continuou a superar os valores consistentes ao longo do tempo com uma taxa de desemprego inalterada, e que os salários nominais ainda estavam subindo a taxas acima dos níveis avaliados como consistentes com a realização sustentada da meta de inflação de 2%.

“Os participantes julgaram que era necessário mais progresso em direção a um equilíbrio entre demanda e oferta no mercado de trabalho, e esperavam que mais abrandamento nas condições do mercado de trabalho ocorresse ao longo do tempo.”

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Consumo

Segundo o documento, os participantes observaram que os gastos do consumidor recentemente exibiram uma resiliência considerável, sustentada por fortes balanços patrimoniais das famílias, ganhos robustos de emprego e renda, baixa taxa de desemprego e aumento da confiança do consumidor.

“No entanto, esperava-se que as condições financeiras apertadas, refletindo principalmente o efeito cumulativo da mudança do Comitê para uma orientação restritiva da política, contribuíssem para um crescimento mais lento do consumo no próximo período”, diz o documento.

Os participantes citaram outros fatores que provavelmente estavam levando ou pareciam consistentes com uma desaceleração no consumo, incluindo a queda do estoque de excesso de poupança, abrandamento das condições do mercado de trabalho e aumento da sensibilidade aos preços por parte dos clientes.

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Ainda segundo o texto divulgado hoje, embora vários participantes do Fomc tenham discutido a estabilidade contínua das expectativas de inflação de longo prazo em níveis consistentes com a inflação de 2% ao longo do tempo e o papel que o aperto da política econômica teve nesse resultado, eles comentaram que pressões desinflacionárias significativas ainda não haviam se tornado aparentes nos preços dos serviços básicos, excluindo habitação.

Incerteza

Em geral, os participantes da reunião notaram um alto grau de incerteza em relação aos efeitos cumulativos sobre a economia do aperto monetário passado. “Os participantes citaram riscos ascendentes para a inflação, incluindo aqueles associados a cenários em que as recentes melhorias na cadeia de abastecimento e as tendências favoráveis ​​dos preços das commodities não continuaram ou em que a demanda agregada não desacelerou suficientemente para restaurar a estabilidade de preços ao longo do tempo”.

“Ao discutir os riscos negativos para a atividade econômica e a inflação, os participantes consideraram a possibilidade de que o aperto cumulativo da política monetária possa levar a uma desaceleração da economia mais acentuada do que o esperado.”

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Mas os participantes também enfatizaram que o Comitê precisaria ver mais dados sobre a inflação e mais sinais de que a demanda agregada e a oferta agregada estão se movendo para um melhor equilíbrio para ter certeza de que as pressões inflacionárias.

Em meio às atuais condições econômicas, quase todos os participantes julgaram apropriado aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais em 025 ponto percentual na reunião. “Os participantes observaram que essa ação colocaria a postura da política monetária ainda mais em território restritivo, consistente com a redução dos desequilíbrios de oferta e demanda na economia e ajudando a restaurar a estabilidade de preços”, diz a Ata.

Manutenção foi citada

O documento revela ainda que alguns participantes indicaram que eram favoráveis a deixar inalterada a faixa-alvo para a taxa dos Fed Funds, ou que poderiam ter apoiado tal proposta. “Eles julgaram que manter o atual grau de restrição neste momento provavelmente resultaria em mais progresso em direção às metas do Comitê, ao mesmo tempo em que permitiria ao Comitê avaliar melhor esse progresso.”

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Segundo o documento, ao discutir as perspectivas da política, os participantes continuaram a julgar que era fundamental que a postura da política monetária fosse suficientemente restritiva para retornar a inflação ao objetivo de 2% do Comitê ao longo do tempo.

“Eles observaram que a incerteza sobre as perspectivas econômicas permanecia elevada e concordaram que as decisões políticas em reuniões futuras deveriam depender da totalidade das informações recebidas e suas implicações para as perspectivas econômicas e inflação, bem como para o balanço de riscos”, detalha o texto.

Dependente de dados

Ainda de acordo com a Ata do Fomc, os participantes esperavam que os dados que chegarão nos próximos meses vão ajudar a esclarecer até que ponto o processo de desinflação continua e se os mercados de produtos e trabalho estão alcançando um melhor equilíbrio entre demanda e oferta.

“Essas informações seriam valiosas para determinar a extensão da firmeza adicional da política que pode ser apropriada para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo. Os participantes também enfatizaram a importância de comunicar com a maior clareza possível sobre a abordagem política dependente de dados do Comitê e seu firme compromisso de reduzir a inflação para seu objetivo de 2%.”

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