Anvisa autoriza Butantan a fazer testes em humanos com soro que trata Covid-19

Segundo a Anvisa, essa autorização foi condicionada a um Termo de Compromisso, que prevê a entrega de informações complementares

Giovanna Sutto

(Divulgação/Governo de São Paulo)
(Divulgação/Governo de São Paulo)

SÃO PAULO – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quarta-feira (24) a realização de testes em humanos do soro contra a Covid-19 que está sendo desenvolvido pelo Instituto Butantan.

Em testes realizados em animais, o soro foi capaz de amenizar os sintomas do novo coronavírus e impedir uma forma fatal de infecção. “São resultados extremamente promissores, e esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora em estudos clínicos”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva realizada no começo de março.

O soro vem sendo analisado desde o ano passado, e o pedido de autorização foi enviado pelo Butantan no dia 2 de março. O instituto vai testar esse soro pela primeira em pessoas, o que exigiu da agência uma avaliação dos aspectos técnicos e de segurança do produto.

Segundo a Anvisa, essa autorização foi condicionada a um Termo de Compromisso, que prevê a entrega de informações complementares. “Será enviado um ofício com apontamento das pendências ao Butantan, o que já estava acordado entre a Anvisa e o Instituto”, diz a agência em nota.

O Instituto Butantan tem 3 mil frascos prontos para uso neste início de estudo clínico em humanos. A autorização da Anvisa permitirá que o soro seja aplicado em pessoas contaminadas pela doença e, depois, que se descubra qual a dose necessária para obter os efeitos desejados.

Segundo o instituto, os testes começarão em breve e serão feitos inicialmente no Hospital do Rim e no Hospital das Clínicas, ambos em São Paulo. O objetivo é priorizar pacientes com “infecção recente e alto ou altíssimo risco de doença grave”, disse o Butantan em nota.

Como funciona o soro do Butantan

O vírus presente em um paciente humano contaminado foi coletado, isolado, cultivado e submetido a testes em camundongos. Depois, o material foi injetado em cavalos, que produziram anticorpos. Tais anticorpos foram processados e transformados em plasma hiperimune, originando o soro. No início de março, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que um teste pré-clínico demonstrou que o soro foi “seguro e efetivo”. O Butantan produz soros há 120 anos, como os contra picadas de cobras.

Esse soro é mais uma alternativa ao combate do novo coronavírus. Nesta quarta-feira (24), o país atingiu a trágica marca de 300 mil mortes – o número foi atualizado após a mudança no sistema de notificação de óbitos do Ministério da Saúde, que causou atrasos no registros de mortes.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.