Uso de energia térmica encareceu em R$ 1,7 bi a conta de luz dos brasileiros

Governo acionou usinas termelétricas por falta de chuvas, mas, segundo instituto, elas foram usadas além do necessário

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – O acionamento de usinas térmicas a diesel e a óleo, realizado no começo deste ano para compensar o baixo desempenho das hidrelétricas por falta de chuvas, fez os consumidores pagarem R$ 1,700 bilhão a mais na conta de luz. No ano passado, o mesmo despacho resultou em um montante de R$ 24 milhões.

“Todo acionamento era feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), com base em modelo de ordem de mérito, o mais barato primeiro. Todo o ano tem um pouco de despacho de térmicas, é normal isso, depende das circunstâncias. Mas esse ano foi anormal”, afirmou o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.

“O que a gente chama atenção é que o governo não teve transparência”, completou Sales, sobre o despacho acima do necessário das usinas com custo mais elevado.

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A conta

O custo do acionamento das termelétricas incide na conta de luz por meio do ESS (Encargo de Serviços do Sistema). “Esse ano eles decidiram acionar as térmicas e empurrar a conta para o consumidor. Porque o encargo é rateado entre todos os consumidores. No reajuste da Eletropaulo que teve esse ano, mais de 15% foi devido a esse encargo”.

Conforme explicou Sales, o acionamento de todas as térmicas em janeiro não chamou muita atenção, pois parecia lógico, frente à falta de chuvas. Entretanto, as usinas permaneceram ligadas até o início de maio, embora o risco de racionamento a partir do final de janeiro já havia sido afastado.

Diante desta situação, ele indica que haja mais transparência no processo de decisões e que se analisem melhor os custos. “A questão que se coloca agora é do custo/benefício, que é importante para se definir outra forma de lidar com a possibilidade de racionamento com custo menor”.

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Futuro

O Instituto Acende Brasil montou quatro cenários da sensibilidade ao racionamento que o Brasil possa estar submetido em 2009. “Para todos os cenários, o risco de decretar racionamento está em níveis aceitáveis. Isso graças a duas coisas: ao regime de chuvas favoráveis e ao acionamento extraordinário que tivemos esse ano”.

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