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SÃO PAULO – Na última quinta-feira, a Organização Internacional do Trabalho lançou um relatório que advertiu sobre os efeitos do déficit global de empregos na erradicação da pobreza global até 2030. De acordo com a entidade, o déficit global de empregos de qualidade e a deterioração das condições econômicas em diversas regiões ameaçam desfazer décadas de progresso na redução da pobreza.
Segundo as previsões do estudo, apenas no Brasil seriam necessários investimentos de US$ 7,2 bilhões (ou R$ 25 bilhões) por ano para erradicar a pobreza até 2030 – no total, cerca de R$ 375 bi. Mundialmente, a cifra é de quase US$ 10 trilhões, ou cerca de R$ 36 trilhões. Os dados estão no relatório “Perspectivas sociais e de emprego no mundo 2016 – Transformando empregos para acabar com a pobreza”, que pode ser acessado aqui.
Para a professora de economia e alianças estratégicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, Leila Pellegrino, “além do acesso aos direitos sociais básicos, como saúde e educação, é preciso considerar demandas relativas à segurança, habitação, cultura, liberdade e diversidade. Devemos levar em conta ainda que recessão econômica combinada com o desequilíbrio fiscal aumenta gravidade ao problema. Além de implicar numa menor disponibilidade de recursos para o enfrentamento da pobreza, a retração da economia pode amplificar a pobreza com o aumento do desemprego e retração da renda”.
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Estima-se, no relatório, que quase um terço dos extremamente ou moderadamente pobres nas economias em desenvolvimento têm empregos. No entanto, seus empregos são vulneráveis por natureza: muitas vezes, estes empregos não são remunerados e estão concentrados em ocupações de baixa qualificação. Isso significa que não basta empregabilidade: é necessário melhorar a qualidade desses empregos.
“Claramente, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a pobreza em todas as suas formas no mundo inteiro até 2030 está em risco”, disse o Diretor Geral da OIT, Guy Ryder, no site das Nações Unidas. “Se levamos a sério a Agenda 2030 e queremos finalmente acabar com o flagelo da pobreza que perpetua por gerações, então nós temos que nos concentrar na qualidade dos empregos em todas as nações”.
Progresso desigual
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Embora a pobreza extrema tenha caído de 46,9% em 1990 para pouco menos de 15% nos países emergentes, o progresso tem sido desigual, segundo demonstram os dados.
Em países de renda média, como a região da Ásia e do Pacífico, a diminuição foi rápida. Por sua vez, os países de renda baixa permanecem com 47,2% das pessoas na pobreza extrema. Enquanto isso, é possível ver aumento das taxas de pobreza em países desenvolvidos, principalmente na União Europeia.
Para acabar com os desafios estruturais e fornecer empregos de qualidade, as medidas que a OIT propõe são as seguintes: combater armadilhas de baixa produtividade, que estão no coração da pobreza; reforçar os direitos no trabalho e permitir que as organizações de empregadores e de trabalhadores atinjam os pobres; aliviar a pobreza através de políticas sociais e de emprego bem concebidas; reforçar a capacidade do governo de implementar políticas e normas de redução da pobreza; aumentar recursos e conscientizar os ricos sobre sua responsabilidade; envolver a OIT na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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