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O Procon-SP, órgão de defesa do consumidor, enviou nesta sexta-feira (13) uma notificação à Americanas (AMER3) na qual questiona se os problemas contábeis da companhia, revelados nesta semana, vão afetar os consumidores. A empresa terá que explicar até que ponto ficam comprometidas as compras efetuadas pelos clientes e detalhar quantas pessoas serão afetadas.
O anúncio de uma “inconsistência” contábil de aproximadamente R$ 20 bilhões nos balanços da empresa fez as ações caírem cerca de 80% na quinta-feira (12). No pregão de ontem, a companhia viu seu valor de mercado evaporar de R$ 10,83 bilhões para R$ 2,45 bilhões, uma queda de R$ 8,38 bilhões.
O movimento de derrocada para os ativos ocorreu após a divulgação na véspera de um rombo bilionário, que culminou com a saída do seu presidente, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, após apenas 10 dias nos cargos.
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O órgão do consumidor também pediu esclarecimentos sobre as reclamações dos últimos 90 (noventa) dias na plataforma do Procon-SP e se elas têm relação com os problemas noticiados. Em caso positivo, a Americanas precisará explicar qual será plano de ação para solução. “No ano passado, o grupo teve quase 9,5 mil queixas registradas por consumidores que tiveram problemas com suas compras.”
O prazo final de resposta é 17 de janeiro. O InfoMoney procurou a Americanas, por meio da assessoria de imprensa, para uma manifestação sobre a notificação do Procon-SP e aguarda uma resposta da varejista.
Entenda o caso
O mercado foi pego de surpresa com a renúncia de Sergio Rial do cargo de CEO da Americanas na quarta-feira (11). O executivo estava há menos de duas semanas no cargo e saiu após descobrir um rombo de R$ 20 bilhões no balanço da companhia.
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Em conferência com investidores e agentes do mercado, na manhã de quinta-feira (12), Rial afirmou que a cifra de R$ 20 bilhões é preliminar e que a prática que gerou o problema, as operações de risco sacado, não surgiram da noite para o dia “não estamos falando de algo de menos de três ou quatro anos”.
Risco sacado, também chamado de forfait, é uma operação em que uma companhia tem uma dívida (geralmente com um fornecedor) a ser paga e faz um acordo com o banco que a financiou para que a instituição libere o dinheiro primeiro para pagar o credor. A dívida, então, é quitada, mas a empresa precisa pagar o banco com juros que variam de acordo com o prazo do empréstimo. O problema que pode ter acontecido foi no lançamento dessas operações no balanço da companhia.
Depois de anunciar as inconsistências, Rial afirmou que atuará como assessor, apoiando os acionistas de referência da companhia no processo de apuração do ocorrido e trouxe indicações sobre os próximos passos da companhia, em um contexto de diversas revisões de recomendações dos analistas de mercado, que destacam as grandes incertezas após o anúncio.
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Nesta sexta-feira, a Abradin, associação que reúne minoritários de empresas de capital aberto, apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido para apuração de responsabilidades sobre o caso da Americanas. No pedido, a entidade pede que as investigações englobem a empresa de auditoria PwC, responsável por analisar os balanços contábeis da companhia.
No pregão desta sexta-feira (13), as ações da Americanas voltaram a subir cerca de 7%, por volta das 11h, cotadas a R$ 2,92.
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