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16 de junho (Bloomberg) – O Porsche que girou na pista de corrida de Le Mans neste fim de semana pela primeira vez em 16 anos foi diferente da maioria dos veículos feitos pela marca atualmente: o modelo com piso baixo era um carro esportivo em vez de um SUV.
Como a demanda global por veículos como o 911 estagnou-se, a Porsche voltou à corrida de carros esportivos na França – a mais antiga do mundo -, mas não conseguiu terminá-la, pois problemas técnicos a forçaram a sair ontem, duas horas antes de chegar à bandeira quadriculada. Contudo, a meta não era tanto ganhar quanto lembrar aos compradores afluentes que a marca alemã continua focada no desempenho, embora a maioria dos veículos que vende seja ideal para transportar crianças e carregar compras.
“Foi um erro parar de concorrer no degrau mais alto dos esportes automobilísticos”, disse o CEO Matthias Müller, que assumiu a chefia da marca com sede em Stuttgart há quatro anos, numa entrevista na semana passada. “Somos fabricantes de carros esportivos e a corrida faz parte da nossa marca”.
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O fato de que a Porsche precisasse reforçar sua reputação esportiva reflete sua crescente dependência dos SUV, que ameaça diluir essa característica distintiva. O bem-sucedido Cayenne, apresentado em 2002, representou 52 por cento dos carros Porsche vendidos no ano passado, e o abandono dos modelos esportivos de raça pura tornou-se mais pronunciado com a apresentação do Macan neste ano. O crossover compacto impulsionará os SUV para 62 por cento das vendas em 2014, prevê a IHS Automotive.
918 Spyder
Para manter o atrativo que fundamenta suas margens de lucro, as maiores da indústria, a Porsche voltou a Le Mans, onde tem o maior número de vitórias desde a fundação da corrida, em 1923. A empresa saiu na década de 1990, quando se reestruturou após ter problemas financeiros. O retorno deste ano envolveu o desenvolvimento do 919, um protótipo híbrido construído especialmente para o evento. A Porsche está tentando tirar o máximo proveito dessa tecnologia, usando-a de base para o 918 Spyder, o carro mais caro na história da marca.
O híbrido elétrico de US$ 845.000 atinge 96 quilômetros por hora em 2,5 segundos e possui velocidade máxima de 342,4 km/h. A produção será limitada a 918 veículos para enfatizar a exclusividade do carro e da marca, e o veículo contrabalanceará o Macan, de US$ 49.900. Dois terços dos supercarros já foram pedidos.
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Embora a demanda pelo 918 seja robusta, o pão de cada dia da Porsche agora são mais os SUV opulentos e focados no desempenho do que os carros esportivos como o 911, o Cayman e o Boxster.
Retorno a Le Mans
A Volkswagen AG, o colosso de 12 marcas que comprou a Porsche há dois anos, tem muito em jogo que depende do desenvolvimento da marca e do seu crescimento adequado. Embora a Porsche fabrique uma fração dos mais de 10 milhões de veículos que a VW visa vender neste ano, ela é uma grande contribuinte para os lucros. A Porsche registrou um lucro operacional de 698 milhões de euros (US$ 948 milhões) no primeiro trimestre, 24 por cento do total da VW. A única marca do grupo a ganhar mais dinheiro foi a Audi, que ontem venceu em Le Mans.
Voltar a Le Mans é parte de uma mensagem para convencer os consumidores de que um Porsche vale a pena. A marca não poupou esforços para a ocasião: colocou telas gigantes no seu museu em Stuttgart e manteve o prédio aberto ao público durante as 24 horas da corrida.
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“O boom dos SUV é um fenômeno global: em países emergentes, nos EUA e na Europa”, disse Jürgen Pieper, analista da Bankhaus Metzler em Frankfurt. “Nenhuma montadora quer perder isso, até companhias de nicho querem estar lá”.
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