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Comprar um carro não é fácil, mesmo para os clientes da Porsche. O principal modelo da marca de carros esportivos vem em 22 variações – número maior que o das alternativas de tintas – e a Porsche não é a única a oferecer uma infinidade de opções.
Alguns crossovers da BMW AG e cupês da Audi diferem por polegadas, pois as fabricantes de automóveis inventam novos nichos e misturam os estilos de carroceria existentes em um ritmo inédito. Só as fabricantes alemãs expandiram suas linhas em cerca de 25 por cento nos últimos três anos e agora oferecem mais de 200 modelos.
Contudo, esse crescimento pode começar a se nivelar até 2018 porque um leque de opções cada vez maior se torna mais um obstáculo do que uma vantagem tanto para os clientes quanto para as fabricantes, segundo a empresa de consultoria PwC. As produtoras estão sob pressão para mudar os recursos para desenvolver novas tecnologias, como carros autônomos, enquanto os consumidores, às vezes, têm dificuldades com tantas opções.
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“Eu estou procurando um carro seguro e compacto que funcione bem para a minha família, pois temos um filho pequeno”, disse Olga Froestl, habitante de Munique de 31 anos. “A quantidade de opções me confunde e eu preferiria ter menos complexidade”.
A BMW está ciente do risco de sobreposição de ofertas e pode precisar repensar alguns de seus carros à medida que as tendências mudam, disse Ian Robertson, diretor de vendas da empresa, em entrevista na sede, em Munique. As restrições de espaço já estão forçando as concessionárias a recorrerem a apresentações virtuais para exibição da diversidade de ofertas.
A PwC prevê que o número de modelos fabricados por empresas automotivas alemãs se estabilizaria após atingir um pico de cerca de 230 em 2018. A opção pelo crescimento coloca pressão sobre as fabricantes de automóveis para que reduzam os custos de produção e diferenciem melhor seus produtos para os clientes, ao mesmo tempo em que elas integram o serviço de internet dentro do carro e outras tecnologias, disse Felix Kuhnert, diretor da divisão do setor automotivo da PwC para a Europa.
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“Nós estimamos que essa estratégia de segmentação continuará pelos próximos cinco a 10 anos”, disse Kuhnert. “O setor automotivo está enfrentando alguns desafios emocionantes”.
O esforço é muitas vezes um desperdício. O problema de armazenar tantos carros é que a maioria dos clientes não consegue ver todas as opções, disse Detlef Kuhlmey, gerente de venda da Autohaus Kramm em Berlim, que vende veículos da Opel, da General Motors Co. Do outro lado da cidade, a Audi Zentrum Adlershof utiliza telas sensíveis ao toque para mostrar o que não cabe na concessionária, disse o diretor-geral Andre Reiser.
Limite da Porsche
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“Cada variação aumenta as despesas de desenvolvimento e logística”, disse Achim Schneider, porta-voz da Porsche, com sede em Stuttgart, por e-mail. “Operacionalmente, isso faz sentido apenas se há uma produção de um determinado número de unidades ao longo da vida útil de um modelo”.
Como resultado, a empresa está limitando o número de variações do 911 por enquanto. O modelo do ano que vem também terá 22, o que inclui as 20 exibidas no site da marca, assim como as variações GTS conversíveis e com capota.
A PSA Peugeot Citroën está sendo mais agressiva em sua busca para retornar aos lucros. A segunda maior fabricante de carros da Europa disse que planeja reduzir sua linha de produção de 45 para 26 veículos até 2022. O objetivo dessa sacudida é aumentar as margens da empresa com sede em Paris focando nos segmentos mais lucrativos.
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Paradoxo da escolha
Enquanto isso, a Mercedes-Benz, da Daimler AG, está reformulando sua política de nomes, inclusive rebatizando o SUV Classe M como GLE para abrir espaço para ainda mais modelos. A terceira maior marca de carros de luxo do mundo planeja 11 modelos totalmente novos até 2020. A Opel está desenvolvendo 23 novos veículos, incluindo o compacto de entrada Karl.
“Todas essas opções reduzem a probabilidade de que as pessoas escolham alguma delas e reduz a satisfação quando as pessoas escolhem”, disse por e-mail Barry Schwartz, professor de teoria social do Swarthmore College que escreveu “O Paradoxo da Escolha”. Ter muitas alternativas ajuda quando as pessoas sabem o que estão procurando, mas “em geral as pessoas não sabem exatamente o que querem”.
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