Israel mune-se de iPad para enfrentar um campo de batalha cada vez mais complexo

País tem acelerado seu desenvolvimento da segurança cibernética

Bloomberg

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(SÃO PAULO) – Durante a guerra de sete semanas entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza no ano passado, era tão provável que os comandantes das companhias tivessem um iPad quanto um fuzil M-16 na mão, pois o aparelho móvel sem fio assumiu uma função fundamental sem precedente.

Foi a primeira guerra em que uma rede totalmente integrada permitiu que todas as divisões das forças armadas de Israel enviassem e vissem ao mesmo tempo informações sobre os movimentos dos militantes, as casas com armadilhas e a localização das forças amigas.

“Tomamos todos os campos de batalha e conferimos que independentemente de quem estivesse combatendo – a Marinha, a Força Aérea, as forças terrestres e a inteligência –, todos vissem a mesma imagem ao mesmo tempo”, disse o coronel Yariv Nir, diretor do departamento militar que desenvolve e defende os sistemas de informação.

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Israel tem acelerado seu desenvolvimento da segurança cibernética tanto no domínio militar quanto no civil nos últimos anos. Os soldados responsáveis pelo campo de batalha virtual estão sendo deslocados para a cidade de Be’er Sheva, no sul do país, onde o governo está montando um centro de tecnologia cibernética projetado para se tornar uma frente fundamental nos cada vez mais intensos conflitos cibernéticos do mundo.

Durante os combates no terceiro trimestre do ano passado, que mataram mais de 2.100 palestinos e 70 israelenses, uma equipe de observação militar detectou palestinos se infiltrando no sul de Israel pelo mar e publicou uma filmagem ao vivo na rede. As imagens, acessíveis para a força aérea que operava um drone armado sobre o local, para os barcos da Marinha e para as forças terrestres, permitiram que os comandantes reagissem com uma coordenação única, disse Nir.

iPad

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iPad com ícones especializados foram mobilizados para alertar os soldados sobre a localização de esquadrões de foguetes palestinos e outros perigos para as tropas israelenses, disse ele. As tropas israelenses demoliram milhares de casas de palestinos nos combates, e mais de 4.500 foguetes foram lançados de Gaza contra Israel.

“A utilização inteligente da tecnologia nas operações militares pode tornar previsível o imprevisível”, disse Paul de Souza, fundador da Cyber Security Forum Initiative, uma firma de consultoria com sede em Washington.

Um painel das Nações Unidas que investiga o conflito encontrou evidências que sugerem que ambas as partes cometeram crimes de guerra.

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A rede integrada, que funciona com radiofrequência, foi pensada para substituir o sistema antigo de mapas e marcadores necessário para planejar e executar um ataque ao conectar “o sensor ao atirador”, disse Nir.

Uso civil

A rede já foi utilizada fora de seu destacamento de segurança. Cirurgiões israelenses que atuaram em um hospital de campanha no Nepal depois do terremoto de magnitude 7,3 em maio recorreram à rede para consultar especialistas em seu país em tempo real. Equipes de resgate também usaram a rede para coordenar a evacuação de israelenses desamparados, disse Nir.

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O avanço tecnológico acarreta o desafio da defesa cibernética. O número de tentativas de ataque contra Israel no ciberespaço durante a guerra em Gaza chegou a 2 milhões por dia, segundo Yitzhak Ben-Israel, que ajudou a fundar o National Cyber Bureau do país.

A reorganização de todas as unidades cibernéticas sob um único comando, conforme ordenado pelo chefe de gabinete no mês passado, ajudará as forças a se sustentarem contra os ataques na rede, disse Nir.

A rede não era infalível. Às vezes foi lenta e às vezes faltou inteligência. No meio da guerra, três soldados morreram ao entrar a uma casa com explosivos.

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“Sempre precisamos pensar em como podemos melhorar a nossa defesa”, disse Nir.

Por Gwen Ackerman

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