Imigrantes sob trabalho insalubre e punição à comunidade LGBTQIA+: o que está em jogo na Copa do Catar?

Para o país árabe, sediar o Mundial integra estratégia por mais relevância nos assuntos globais

Reuters

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Depois de um caminho conturbado até a Copa do Mundo, marcado por críticas ao seu histórico de direitos humanos, o Catar tem muito em jogo para que o torneio transcorra sem problemas se quiser ser lembrado como um sucesso e ajudar a afirmar o lugar de Doha no cenário global.

A controvérsia que há muito envolve a decisão de conceder ao Catar a Copa do Mundo vem aumentando, com o escrutínio implacável de seu tratamento aos trabalhadores imigrantes e à comunidade LGBTQIA+, levando o emir do país a acusar os detratores de hipocrisia e invenções.

Enquanto o Catar se prepara para a estreia do Mundial no domingo (20), a medida do sucesso será realizar um torneio apreciado pelos torcedores que termine sem grandes incidentes, permitindo que Doha desvie as atenções das críticas, dizem analistas.

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Para o Catar, que sobrevive como um Estado independente desde 1971 em uma região muitas vezes hostil, sediar a Copa do Mundo faz parte de uma estratégia mais ampla de desempenhar um papel maior nos assuntos globais. Grande exportador de gás, hospeda tropas norte-americanas, media conflitos e financia a influente rede de notícias Al Jazeera.

“Tem havido muita cobertura negativa com foco em direitos trabalhistas e direitos humanos. A realização da Copa do Mundo é a única oportunidade que o Catar vê para a redenção”, disse Marc Owen Jones, professor associado da Universidade Hamad Bin Khalifa.

Mas as autoridades do Catar parecem cada vez mais irritadas com o que consideram críticas injustas, incluindo pedidos de boicote.Várias equipes participantes do torneio estão tentando chamar a atenção para as questões pelas quais o Catar tem enfrentado críticas, incluindo os direitos LGBTQIA+ no país onde a homossexualidade é ilegal.

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As Associações de Futebol de 10 países europeus, incluindo Inglaterra e Alemanha, pressionaram a Fifa a tomar medidas para melhorar os direitos dos trabalhadores imigrantes no Catar.

Mas, adotando um tom diferente, a Fifa tem insistido às seleções para focarem no futebol, e não deixarem o esporte ser arrastado para “batalhas” ideológicas ou políticas, apelo apoiado pelo Brasil.

Reagindo contra críticas, o Catar aponta para reformas trabalhistas destinadas a proteger os trabalhadores imigrantes da exploração e diz que o sistema é um trabalho em andamento. Os organizadores disseram repetidamente que todos são bem-vindos, independentemente de sua orientação sexual ou origem.

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Mas eles também alertaram contra certos comportamentos no país muçulmano conservador, onde a embriaguez em público pode resultar em pena de prisão de até seis meses e demonstrações de afeto podem ser motivo de prisão.

“A história de sucesso do Catar caminha na linha tênue entre crítica internacional e crítica doméstica, entre manter a cultura local e se abrir para o mundo exterior”, disse Zarqa Parvez Abdullah, professor adjunto da Universidade de Georgetown, no Catar.

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