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O governo federal anunciou nesta quinta-feira (25) as medidas que serão tomadas para diminuir o preço dos “carros populares” no Brasil (“de entrada”). O desconto será de 1,5% a até 10,96% sobre o valor do veículo, dependendo de algumas variáveis, e valerá apenas para os que custam menos de R$ 120 mil.
“Acima de R$ 120 mil não tem nenhuma mudança. Não vai ter desconto para carro caríssimo”, afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), ao apresentar a proposta.
Alckmin afirmou inicialmente que o desconto máximo seria de 10,79%, mas o governo informou em comunicado posterior que a redução pode chegar a 10,96%. A porcentagem da queda vai depender de 3 variáveis (veja os detalhes no vídeo acima):
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- Social
- Ambiental
- Densidade industrial
O fator social vai levar em conta o preço do veículo (quanto mais barato o carro, maior o desconto); no ambiental, a redução será proporcional à eficiência energética do modelo (carros menos poluentes terão descontos maiores); a “densidade industrial” vai considerar a porcentagem do veículo e de suas peças que são produzidos no Brasil (quanto maior o conteúdo nacional, maior o desconto).
O desconto será através da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do PIS/Cofins, que são tributos federais, por meio de uma Medida Provisória que ainda será editada pelo governo (veja mais abaixo).
O vice-presidente destacou também que o benefício será temporário. “A proposta de estimulo é transitória, anti-cíclica, porque a indústria está com muita ociosidade. E queremos um carro acessível, pois hoje o carro mais barato é quase R$ 70 mil, então queremos reduzir esse valor”.
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A lista oficial do governo federal, com 11 montadoras e 32 modelos de veículos que aderiram ao programa, foi divulgada apenas no dia 14 de junho. São ao todo 233 versões de carros que terão descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil do governo (veja no link abaixo).
Menos de R$ 60 mil?
Os dois modelos mais baratos à venda hoje no Brasil são o Renault Kwid e o Fiat Mobi (que custam R$ 69 mil). A intenção inicial do governo era ter carros populares na faixa de R$ 45 mil a R$ 50 mil, mas a ideia se mostrou inviável. Passou-se, então, a buscar uma equação para que alguns modelos fossem oferecidos na faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.
Alckmin afirmou que será possível atingir essa meta (de ter veículos custando menos de R$ 60 mil) porque, na prática, “o desconto será maior” para os consumidores. “Porque também será possível a venda direta da indústria, dntão deve ter um desconto ex-tarifário importante”.
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Os valores exatos da redução ainda não foram definidos pelo governo. Alckmin afirmou que o Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad (PT), vai definir as porcentagens em “até 15 dias”. “Em até 15 dias, a Fazenda vai estabelecer a questão fiscal. Dará seu parecer, daí [o governo] pode efetivamente fazer a Medida Provisória”.
O anúncio foi feito no Dia da Indústria (25 de maio), e o objetivo do governo é estímular a indústria automotiva e ampliar o acesso aos carros “populares”, para “alavancar a cadeia produtiva ligada ao setor automotivo brasileiro”.
O presidente da Anfavea (associação de montadoras), Márcio Lima Leite, afirmou após o encontro que é possível que os preços dos carros novos caiam abaixo de R$ 60 mil com as medidas anunciadas. Disse também que a medida do governo inclui os veículos novos em estoque.
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Acesso a crédito
“A indústria automobilística mais especificamente passa por dificuldade, com queda de vendas”, afirmou Alckmin. “Antes, 70% quase do veiculo era financiado. Hoje é o contrário: 70% do valor do carro é à vista, então quem não tem dinheiro para comprar à vista acaba não adquirindo o veículo”.
O vice-presidente defendeu a aprovação do Marco das Garantias pelo Congresso Nacional, “para ajudar no crédito”. “Falei ontem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ele designou o senador Weverton, da CAE [Comissão de Assuntos Econômicos] para a relatoria do projeto. Acreditamos que a aprovação da lei das garantias pode tornar o crédito mais barato no Brasil”.
O marco das garantias é um projeto do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas foi “encampado” pela gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PL). O Ministério da Fazenda, comandando por Fernando Haddad (PT), inclusive incluiu o projeto no seu pacote de medidas para destravar o crédito.
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O projeto já foi aprovado pela Câmara, em junho de 2022, e está no Senado. Como está hoje, o projeto cria um serviço de gestão especializada em garantias a ser prestado por entes privados, sob regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e supervisão do Banco Central (BC).
As instituições serviriam, entre outros pontos, para avaliar garantias de operações de crédito (e seriam proibidas elas próprias de oferecer empréstimos). Congressistas ligados ao setor produtivo apontam a proposta como importante para baratear o custo do crédito.
O texto também permite execução extrajudicial de créditos garantidos por hipoteca, mesmo sem previsão contratual; possibilita que um mesmo bem imóvel seja usado para garantir mais de uma operação de financiamento; e extingue o monopólio da Caixa Econômica Federal sobre os penhores civis.
Outras medidas
Alckcmin também afirmou que o governo vai oferecer uma linha de R$ 4 bilhões para financiamento em dólar para exportadores, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A medida vai valer para toda a indústria, não só para o setor automotivo.
“O setor que exporta, a indústria que exporta, pode contrair o empréstimo. E não tem risco de variação cambial. Foi feito para a agricultura também, R$ 2 bilhões, e em 48h o crédito foi consumido”, afirmou o vice-presidente.
Serão R$ 2 bilhões para financiar exportações e mais R$ 2 bilhões “para exportadores investirem nas suas empresas, na modernização”, segundo Alckmin. “E é custo zero para o Tesouro, porque é dólar para quem exporta”.
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(Com Estadão Conteúdo)
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