Especialistas alertam: moto não deve ser convertida para tecnologia flex

SÃO PAULO – Como anunciou neste mês a Delphi, consumidores poderão comprar motos bicombustíveis a partir de 2009. Contudo, diante da possibilidade de economizar no abastecimento, motoristas se rendem a algumas mecânicas que prometem transformar em flex o motor da duas rodas, ou passá-lo para funcionar apenas com álcool.

Já que o derivado de cana-de-açúcar é mais barato que o de petróleo, essa seria uma ótima forma de guardar dinheiro sem esperar dois anos, certo? Errado. Pelo menos é essa a informação passada por especialistas da Escola Senai Conde José Vicente de Azevedo, de São Paulo.

Sem disponibilidade

“Esse tipo de modificação não está disponível no mercado e não há perspectivas sobre o assunto”, explicou Mauro Alves dos Santos, coordenador técnico do instituto. “É arriscado porque os motores não foram desenvolvidos para essa tecnologia”, adicionou.

José Gallo Canos, instrutor da Área de Motocicleta, afirmou que esse tipo de conversão informal gera ainda mais despesas para o consumidor. “É necessário trocar muitas peças da moto para que o motor responda. Levando em consideração que cada uma custa cerca de 10% do valor da motocicleta, torna-se uma operação inviável”, contou.

Durabilidade

Segundo Gallo, em alguns locais é realizado esse tipo de “adequação” do sistema sem o conhecimento necessário sobre o assunto. E, principalmente, sem a garantia de durabilidade da modificação.

“Motores de motoclicletas suportam uma quantidade de álcool misturado à gasolina (o governo autoriza que esse total seja de 23%). Mas abastecer só com álcool corrói as peças. O sistema não funciona do jeito que foi projetado e pode sofrer danos”, conclui.