Entidades opinam sobre a escolha do Governo pelo padrão japonês de TV Digital

Para o coordenador do Indecs, por exemplo, a escolha prejudicará o desenvolvimento tecnológico e científico do Brasil

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Após a decisão do governo federal em escolher o padrão japonês de televisão digital, confirmada nesta quinta-feira (29), diversas opiniões a respeito do tema surgiram na mídia.

Por um lado, o coordenador geral do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (Indecs), Gustavo Gindre, acredita que a escolha prejudicará o desenvolvimento tecnológico e científico do Brasil.

“São empregos qualificados que a gente perde. Na verdade, iremos gerar emprego em Tóquio, e não no Brasil, porque vamos ser apenas consumidores de tecnologia importada, e não produtores de tecnologia”, argumentou Gindre.

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Padrão próprio

O decreto presidencial, que estabelece as regras para a implantação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), prevê o uso das inovações tecnológicas nacionais.

Entretanto, para a pesquisadora da Faculdade de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Cristina de Castro, será preciso um trabalho para garantir a incorporação das inovações tecnológicas brasileiras.

“Conhecemos a complexidade do sistema e sabemos o que é propor alguma sugestão para um sistema já reconhecido. Não vai ser um trabalho fácil, mas estamos prontos para trabalhar nesse contexto”, afirmou a pesquisadora.

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Segundo Cristina, o governo deveria ter optado por desenvolver um modelo nacional de TV digital. “Parece que o governo achou uma solução de meio-termo. Para ele, o sistema japonês é melhor para o desenvolvimento do país no contexto industrial, ao mesmo tempo em que garante a incorporação da tecnologia nacional”, disse.

Concentração de mídia

Na opinião do secretário executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), James Görgen, o modelo não irá permitir a inclusão digital de todas as faixas da população, mantendo a concentração da mídia no Brasil.

“O governo simplesmente optou por manter esse poder de decisão da digitalização, que permitiria vários avanços democráticos na área das Comunicações, sob a mão dos mesmos donos que concentram a mídia no Brasil”, argumentou.

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“Este padrão nos isola do mundo, nos coloca numa conversa bilateral com o Japão. Também nos isola economicamente, uma vez que é o mais caro de todos. Hoje são 46 milhões de domicílios com televisão, que terão que comprar aparelhos para fazer a transição do sistema analógico para o digital”.

Boa qualidade de transmissão

Para a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), no entanto, o modelo japonês tem vantagens em relação aos modelos europeu e americano, principalmente quando em relação à mobilidade.

“Analisando todos os modelos existentes no mundo, concluiu-se que o padrão japonês era o mais adequado para a situação brasileira, porque garante a perenidade do modelo existente”, afirmou o presidente da entidade, José Inácio Pisani.

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“Caso não fosse adotado o sistema japonês, teríamos o risco de não ter desde a alta definição até a mobilidade. Com este sistema, a televisão brasileira poderá ser recebida com a mesma qualidade dos televisores fixos nos televisores móveis, de forma gratuita”.

Decisão arbitrária

De acordo com parlamentares da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto ignorou o pedido da comissão para discutir a TV digital.

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“Infelizmente, soubemos pela imprensa da decisão. E não fomos sequer convidados para assistir a assinatura. Ficamos a ver navios”, disse o presidente da comissão, deputado Victor Pires (PFL-BA).

Segundo ele, por se tratar de uma matéria que compete à comissão, que promoveu diversas audiências e seminários sobre TV digital em busca da melhor alternativa para o país, ela deveria ter sido ouvida antes da escolha do padrão.

O deputado Jorge Bittar (PT-RJ) disse que agora o Congresso precisa intensificar o debate sobre a questão. “Mesmo depois de escolhido o modelo, é preciso discutir a concessão do uso de novos canais e os processos que serão adotados. Deverá haver um debate amplo para a criação de um marco legal”, argumentou.

Com informações da Agência Brasil.

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