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O apagão que afetou o fornecimento de energia elétrica em quase todo o país em 15 de agosto provocou um debate entre agentes do setor sobre a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira e seus impactos para a operação.
A ocorrência, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), causou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre as regiões. O termo “abertura” é utilizado quando uma linha de transmissão sai de operação. Há possibilidade de mais de um evento ter resultado no problema.
Na última década, a região Nordeste tornou-se um expoente da geração via fontes renováveis, sobretudo, eólica e solar, tornando-se um exportador de energia para os centros de carga, concentrados no submercado Sudeste/Centro-Oeste.
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Para se ter uma ideia, só em julho, a energia eólica foi responsável por mais de 80% da expansão da geração de energia observada no país. Dos 525,5 megawatts (MW) acrescidos, 421,2 MW vieram de 18 novas usinas eólicas, das quais sete estão localizadas no Rio Grande do Norte, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Apesar de mais limpas e mais baratas, essas fontes renováveis não são unanimidade no setor por causa de sua característica intermitente: elas não geram o tempo todo. Soma-se a este ponto a discussão a respeito da dimensão da expansão das redes de transmissão para seu “transporte”.
O que foi dito
A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), por exemplo, aproveitou o apagão para emitir nota a respeito da necessidade de expandir o uso do combustível.
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“A ocorrência de apagões no Brasil, mais além das razões que motivaram o blecaute, reforça a importância de investimento em fontes de energia constantes e resilientes que garantam a segurança energética. É o caso das termelétricas movidas a gás natural”, afirmou em nota.
O sócio e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, que também tem posicionamento a favor do desenvolvimento do mercado de gás, disse acreditar que o sistema de transmissão interligado, com linhas de transmissão “enormes”, seria um problema. “Precisamos de mais segurança no sistema”, escreveu em uma rede social.
A iniciativa foi criticada. Também em nota, o presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata Ferreira, disse, sem citar nominalmente os agentes, ver com “preocupação” os esforços para “defender interesses que sabiamente não fazem sentido nas condições do setor elétrico, como o aumento da participação de usinas térmicas na base da geração de energia elétrica”.
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“É lamentável o oportunismo de alguns que buscam privilégios e pretendem gerar caos se aproveitando do momento para incentivar o uso de energia cara, poluente e desnecessária ao sistema”, completou.
A posição foi reiterada pelo presidente da Abrace Energia, associação que representa os grandes consumidores de energia, Paulo Pedrosa. “Sem conhecer as causas não se pode pegar carona nessa falha para defender todo o tipo de absurdo na forma de sobreinvestimento na transmissão e de contratação obrigatória de energia cara e desnecessária”, disse numa rede social.
Posição do governo
Em entrevista coletiva realizada na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu as renováveis. “O sistema tem que se aperfeiçoar e se adaptar às energias limpas e renováveis. Fato é que elas são fundamentais e imprescindíveis para a transição energética”, disse.
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O ex-senador destacou o papel das usinas hidrelétricas no sistema elétrico, que disse ser robusto, apesar da necessidade de aperfeiçoamentos. Entusiasta do mercado de gás natural e crítico da estratégia de reinjeção utilizada pelas petroleiras, Silveira não deu destaque à fonte na ocasião, nem relacionou o crescimento das renováveis e programa de estímulo ao mercado de gás ao apagão.
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