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O jornalista Augusto Pigini, 36, mora em São Paulo e quer conhecer a Califórnia, nos Estados Unidos. Mas, por causa da falta de visto de turista, teve que adiar a viagem. “Eu dei entrada em abril do ano passado, mas só tinha entrevista para o fim de agosto deste ano. Eu e minha mulher pretendíamos ir para os Estados Unidos no ano passado, mas, por causa dessa fila longa, a gente teve que adiar para o ano que vem”, conta.
Casos de longa espera como a do jornalista parecem estar diminuindo. No primeiro semestre de 2023, os Estados Unidos concederam 547 mil vistos para brasileiros. Um crescimento de 34,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Desses, 516,8 mil são destinados para turismo e negócios, 38,7% a mais que no primeiro semestre de 2022.
Os dados são de um levantamento feito pelo escritório de advocacia imigratória AG Immigration, que fica em Washington, com base em números do Departamento de Estado americano – equivalente ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
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O advogado de imigração e sócio da AG Immigration, Felipe Alexandre, explica que parte desse aumento é em razão da ampliação do atendimento ao público feita pela embaixada e consulados dos Estados Unidos no Brasil. Mas ele acrescenta que essa alta também é justificada “pela base de comparação, já que, em 2022, a emissão ainda estava se recuperando do período de quase dois anos em que ficou paralisada em razão da pandemia, que interrompeu os serviços imigratórios”.
O advogado acredita que a demanda reprimida pode fazer com que o ano termine “com o maior volume de vistos dos Estados Unidos já emitidos na história”.
De acordo com a pesquisa, o Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos nos primeiros seis meses do ano, ficando atrás de México (1,3 milhão) e Índia (783,8 mil). Colômbia (261,5 mil) e China (254 mil) completam as cinco primeiras colocações.
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Na sequência dos tipos de vistos americanos mais emitidos para brasileiros no primeiro semestre aparecem os para intercâmbio cultural e profissional, com 5,4 mil autorizações, e os de estudante, com 4,3 mil concessões.
Efeito dólar
Felipe Alexandre avalia que a desvalorização do dólar frente ao real ajuda o interessado em ir para o exterior, mas o efeito não é tão grande para explicar a procura pelos vistos “já que câmbio segue em patamares elevados, e os vistos que foram emitidos no primeiro semestre deste ano foram solicitados ao longo de 2022, quando a moeda americana ainda estava mais cara”.
O economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, avalia que o dólar deva flutuar pouco abaixo dos R$ 5, no cenário atual de queda de juros no Brasil e aumento nos países desenvolvidos.
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“Essa combinação faz com que parte dos investidores estrangeiros que têm dólar prefiram fazer investimentos em mercados mais seguros em detrimento de uma rentabilidade que começa a cair no Brasil”, pondera, acrescentando que o câmbio é muito volátil a notícias conjunturais, como relacionadas à guerra na Ucrânia e sobre o comportamento da economia de países como China e Estados Unidos.
Frente a essa expectativa de volatilidade, o economista sugere que pessoas que tenham planos de viagens nos próximos meses já adquiram a moeda estrangeira, em vez de esperar por mais desvalorização. “Sempre acho que a pessoa que tem um recurso e já está decidida a viajar, estando o preço dentro dos objetivos dela, deve comprar”, ressaltando que o uso de “dinheiro digital”, como cartões e celular costuma ser mais prático e seguro que a moeda física.
Pedido de visto
O brasileiro que tiver interesse em solicitar visto americano deve buscar agendamento no site da embaixada americana. Há representações em Brasília, Porto Alegre, no Recife, Rio de Janeiro e em São Paulo. É possível também acompanhar o tamanho da fila de espera neste link.
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Cada modalidade de visto tem um prazo específico para concessão. Alguns levam poucos dias. A categoria de turismo e negócios é a que tem os maiores períodos de espera.
Na quarta-feira (16), por exemplo, o prazo variava de 226 dias em Porto Alegre a 28 dias em Brasília. No site da embaixada americana há também informações sobre agendamento de emergência, em casos como a morte de um parente próximo, doença grave ou tratamento médico urgente nos Estados Unidos.
Alguns casos dispensam entrevistas na embaixada ou consulados. Por exemplo, para quem vai renovar o visto ou cujo documento expirou nos últimos 48 meses.
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“Eu não sabia que o processo de renovação é menos burocrático que o de tirar um novo. Acabei dormindo no ponto e tive que pegar toda essa fila”, lamenta Augusto. Os solicitantes com idade inferior a 14 anos ou superior a 79 anos também podem solicitar o visto sem uma entrevista.
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