Dubai constrói cada vez mais hotéis e põe sucesso à prova

(SÃO PAULO) – O Burj al Arab. O Jumeirah Beach Hotel. O Atlantis da ilha artificial com formato de palmeira. Partes inconfundíveis de Dubai, o emirado no Golfo Pérsico que se transformou em um destino turístico de luxo.

Agora Dubai está redobrando a aposta e construindo hotéis no ritmo mais acelerado do que qualquer outra cidade, o que pressiona a taxa de ocupação e os preços, que estão entre os mais altos do mundo. Os 14.385 quartos em construção vão aumentar a oferta em cerca de um quinto, segundo a empresa de pesquisa do setor STR Global, e outros milhares estão planejados.

“Existe a preocupação, em relação a Dubai, de que não vejamos as mesmas tarifas elevadas de antes”, disse Philip Wooller, diretor da STR Global no Oriente Médio e na África, em uma entrevista. “Mas há um cenário mais abrangente aqui, e os preços dos quartos em Dubai precisam cair para que as pessoas continuem vindo e para permitir que o mercado evolua”.

Das colunas romanas do Palazzo Versace, que será inaugurado no futuro próximo, às cúpulas otomanas do Zabeel Saray, Dubai está acumulando uma coleção de monumentos que, em si, são atrações turísticas. As autoridades da cidade não estão dando sinais de impedir a corrida para o crescimento, com planos para quase dobrar o número de quartos até 2020.

A rentabilidade está cambaleando antes mesmo de os novos quartos chegarem ao mercado. A receita por quarto disponível (revpar, na sigla em inglês), declinou 8,1 por cento no primeiro trimestre em relação ao ano anterior. A taxa de ocupação caiu 2,2 pontos porcentuais, para 85,7 por cento, e a média de diárias baixou 6,1 por cento, segundo a STR Global. A demanda está aumentando em relação ao ano anterior, mas atualmente a oferta está crescendo a um ritmo mais acelerado, disse Wooller.

Quartos caros

Por enquanto, é possível que proprietários e gerentes não tenham muita dificuldade para aceitar alguns pontos de declínio. A revpar da cidade é de 839 dirhams (US$ 228), a mais alta do mundo. Hong Kong e Paris, que têm mais quartos em geral e mais hotéis de preços médios e baixos, ocupam o segundo e o terceiro lugar do ranking, com US$ 185 e US$ 165, respectivamente.

A diminuição da quantidade de turistas russos no ano passado foi um alerta de que eventos externos a Dubai poderiam prejudicar rapidamente a demanda. A cidade redobrará os esforços para atrair turistas com iniciativas de marketing, voos adicionais e políticas de vistos mais flexíveis depois que a desvalorização do rublo provocou uma queda de um quarto no número de visitas de russos, disse Helal Saeed Almarri, diretor-geral do Departamento de Turismo e Marketing de Comércio, em uma conferência em Dubai.

Construir mais hotéis é fundamental para reduzir o preço das diárias e tornar a cidade acessível para um grupo mais amplo de visitantes, disse Chiheb Ben Mahmoud, diretor de assessoria hoteleira para o Oriente Médio e a África da JLL, empresa de assessoramento imobiliário. “Para que um destino cresça, ele precisa ser competitivo. As grandes convenções continuam preferindo Barcelona e Hong Kong a Dubai porque lá os hotéis são menos caros”.

Atrações familiares

Dubai está construindo novas atrações, como a maior roda gigante do mundo e parques temáticos inspirados em Hollywood e Bollywood, e outorgando incentivos às construtoras de hotéis mais baratos a fim de tornar a cidade mais atraente para as famílias. Em janeiro, o aeroporto de Dubai ultrapassou Heathrow, de Londres, como maior centro de operações aéreas internacionais do mundo em um momento em que a empresa aérea local, a Emirates, está expandindo suas rotas.

A explosão dos custos operacionais, em especial os custos de moradia para os funcionários dos hotéis, provavelmente seja a maior dificuldade para os hoteleiros, disse Filippo Sona, diretor de hotéis no Oriente Médio e no Norte da África da Colliers International. Os quartos em construção requereriam a contratação de pelo menos 20.000 funcionários, disse ele.

“Onde eles vão colocar todas essas pessoas?”, disse ele. “Os lugares mais baratos estão lotados, e ir para outros emirados acarretaria custos maiores de transporte e tempo desperdiçado nas estradas”.