Custo das usinas termelétricas torna conta de luz mais cara

Falta de chuvas tem feito hidrelétricas operaram com capacidade reduzida. Custo extra das térmicas pode somar R$ 1 bi

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – A falta de chuva tem feito com que as usinas hidrelétricas brasileiras operem em níveis abaixo do recomendado. Para evitar uma possível escassez no fornecimento de energia, uma das medidas utilizadas pelo governo é acionar as termelétricas, cujo custo de produção é maior, o que acaba encarecendo a conta de luz ao consumidor final.

Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apontam que, neste ano, as usinas térmelétricas têm sido responsáveis por 12,34% do total de energia elétrica produzida no País. No mesmo período do ano passado, o registrado foi 2,26%.

Enquanto em 2009 o acionamento de segurança das usinas termelétricas representou um gasto extra de R$ 130 milhões, o estimado para este ano é de R$ 500 milhões.

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Custo ao consumidor
O presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Paulo Pedrosa, afirma que, ao realizar essa conta, o governo não considerou que outros R$ 635 milhões já foram contabilizados até agosto por conta do despacho de térmicas devido a restrições de linhas de transmissão. A entidade estima que, até setembro, os encargos totais pelo uso das térmicas já somaram R$ 1,1 bilhão.

“Essa situação é muito preocupantes porque esse custo é repassado diretamente para os consumidores de energia, tornando a conta de luz mais cara. Isso contribui para a elevação de custos de todos os produtos, comprometendo a competitividade da indústria brasileira. Afinal, o alto custo da energia afeta as cadeias produtivas, pois ela é um insumo básico”, declarou Pedrosa.

Segundo ele, esse valor pode ainda aumentar caso o governo resolva acionar as usinas térmicas a diesel e óleo combustível, cujo custo de operação é muito maior do que as térmicas a gás, que estão atualmente em funcionamento.

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Falta de chuva
De acordo com a Agência Brasil, o nível dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste está em 45,85% da capacidade total. Em outubro do ano passado, esse percentual estava em 69,16%. Na Região Norte, que tem recebido o excedente de energia produzida no Sul e no Sudeste, os reservatórios estão com 39,25% da capacidade, contra 47,09% em outubro do ano passado.

Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu manter a geração de energia por termelétricas a gás, mesmo com o aumento das chuvas dos últimos dias. “Com esses níveis atuais, não se despacha mais [térmicas] nem se desliga. No ano passado, nesta época do ano, estava chovendo mais, e não estávamos com mais térmicas ligadas”, explicou o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

Para o presidente da Abrace, para diminuir a dependência do clima e das chuvas, o governo deve construir novas hidrelétricas com reservatórios maiores.

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“Vale ressaltar que, atualmente, a construção de usinas nessas condições está prejudicada devido às exigências ambientais. Desse modo, a expansão do parque gerador brasileiro tem sido baseada em usinas a fio d’água, que não acumulam água. Isso significa que, no futuro, a situação pode ficar ainda mais complicada do que hoje”, finalizou Pedrosa.

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