Copa e férias coletivas vão reduzir produção de veículos em dezembro

Desempenho de novembro foi forte, mas setor automotivo segue sendo afetado pela restrição na oferta de componentes eletrônicos

Reuters

Linha de produção de veículos
Linha de produção de veículos

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As montadoras de veículos devem terminar dezembro com uma produção menor que a de um ano antes, afetada pela combinação de jogos do Brasil na Copa do Mundo e férias coletivas, estimou nesta quarta-feira (7) a Anfavea (associação que representa o setor).

“Vamos ter uma produção em dezembro boa, mas provavelmente vai ser um pouco menor que no ano passado, que foi de 211 mil unidades”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a jornalistas.

Sobre as vendas deste mês, ele afirmou que “provavelmente não haverá surpresas” diante do nível de estoques mais alto que em meses anteriores, reduzindo a falta de produtos no mercado.

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Em novembro, a produção de veículos subiu 4,7% ante outubro e os emplacamentos avançaram 12,8%. A indústria montou 215,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no mês passado, acumulando no ano crescimento de 6,9%, para 2,18 milhões de unidades.

Os licenciamentos de novembro somaram 204 mil veículos, reduzindo o acumulado negativo do ano para 1,3%, a 1,89 milhão de unidades, segundo os dados da entidade.

Segundo Leite, o desempenho de novembro foi forte, mas o setor segue ainda afetado por restrição na oferta de componentes eletrônicos, um problema crônico da indústria no mundo após as quebras das cadeias de fornecimento com resultado da pandemia.

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O presidente da Anfavea afirmou que, apesar de a escassez de chips que equipam os sistemas eletrônicos dos veículos estar menos intensa, o assunto ainda vai continuar sendo um problema até o início de 2024, ante estimativas anteriores de que as cadeias de fornecedores se restabeleceriam até meados de 2023.

Leite não quis dar indicações para o desempenho do setor no próximo ano, mas voltou a chamar atenção para a inversão que há meses vem sendo sentida pelo setor: as vendas à vista hoje são responsáveis pela maioria dos emplacamentos, enquanto, historicamente, eram os negócios a prazo que impulsionavam o setor.

Em novembro, 69% das vendas de veículos novos no país foram à vista, acima dos 64% registrados em outubro.

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Apesar de a proporção de vendas à vista ser positiva para o fluxo de caixa das montadoras, que nos últimos anos também passaram a focar em modelos como SUVs e picapes – que carregam preços e margens maiores que modelos tidos como populares -, o presidente da Anfavea afirmou que isso poderá impactar o setor a partir de 2024.

“Estamos tentando trazer o consumidor de volta. A indústria precisa de plano para isso”, afirmou o presidente da Anfavea. “Nosso setor depende do crédito. É fundamental para que o consumidor consiga trocar seu veículo…Há uma tendência de envelhecimento da frota do país”, acrescentou.

Ele se referiu a um crescimento mais acentuado das vendas de veículos usados ante novos, com os veículos com 9 a 12 anos de uso se destacando em meio à queda da renda, inflação e aumento de juros.

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“Não identificamos nenhum outro período em que nosso setor apresentasse 70% de vendas à vista”, disse o presidente da Anfavea.

Os estoques de veículos novos subiram para 198 mil em novembro ante 188,9 mil em outubro, um patamar considerado por leite “ainda bastante baixo”. O volume do mês passado é equivalente a 29 dias de vendas.

O setor registrou exportações de 43,4 mil veículos em novembro, cerca de 20% do volume produzido e salto de 55% sobre um ano antes, quando a indústria ainda vivia grandes problemas com falta de componentes. De janeiro ao mês passado, os embarques somam 450 mil veículos, crescimento de 34,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

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O presidente da Anfavea afirmou que o crescimento ocorre em meio a uma expansão de participação de outros mercados nas exportações de veículos do Brasil enquanto a Argentina, maior mercado brasileiro, atravessa estagnação.

As exportações para o México de janeiro a novembro subiram em 25 mil unidades sobre um ano antes, um incremento de 46%. Para o Chile, os embarques saltaram 60% no período. Para a Argentina, houve crescimento de 6 mil unidades no volume, algo considerado como desempenho estável pela Anfavea.

“A Argentina vem dando sinais de perda de relevância nas exportações brasileiras”, disse o presidente da Anfavea.

A participação do país vizinho nas exportações de veículos do Brasil no acumulado do ano até novembro foi de 29%, ainda o maior mercado brasileiro, mas a fatia encolheu frente aos 36% no mesmo período de 2021.

Enquanto isso, a fatia do México, segundo maior mercado do Brasil, subiu de 16% para 18%, e o Chile cresceu de 10% para 12%, segundo os dados da Anfavea.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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