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O smartphone é item essencial nos dias de hoje e mantê-lo atualizado é um desejo de muitos consumidores. Fazer um upgrade, porém, nem sempre é possível financeiramente, considerando os altos preços — sobretudo dos produtos premium, como iPhone ou Galaxy S.
Uma alternativa disponível no mercado é o modelo de celular por assinatura, que permite que o consumidor faça uma espécie de aluguel temporário de um smartphone de sua escolha e pague uma quantia por mês para utilizar todas as funcionalidades do aparelho.
A promessa das empresas consultadas pela reportagem é de que o preço final do aparelho ao fim do período de contrato fique até 50% mais barato na comparação com o do mesmo celular no varejo.
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A lógica da assinatura é a mesma que se observa nos serviços oferecidos para carros, por exemplo, no sistema “phone as a service” (ou celular como serviço).
Como funciona?
O InfoMoney buscou informações de três empresas que oferecem o serviço: Allu, Leapfone e Triim. Além disso, foram consultados alguns bancos: Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, C6, Itaú, Inter, Next e Santander.
O Itaú e o Bradesco oferecem planos de aquisição de celulares em um formato similar ao da assinatura. Santander e BB ofertam consórcio. Inter, C6 e Next disponibilizam cashback; e a Caixa não retornou ao pedido da reportagem até esta publicação.
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As empresas especializadas na assinatura disponibilizam o serviço com algumas variações. Mas, basicamente, o passo a passo é o seguinte:
- Consumidor escolhe o produto (pode ser novo ou seminovo) e preenche um cadastro;
- Envia documentos;
- Efetua o pagamento com o cartão (algumas aceitam Pix à vista);
- É realizada análise e aprovação dos documentos;
- Aprovado o pagamento, o cliente recebe o contrato e assina;
- Aparelho na casa do consumidor em alguns dias (varia de empresa para empresa);
- Se reprovado, a empresa reembolsa em 100% o cliente.
Com o celular em mãos, o consumidor adiciona seu próprio chip, utiliza o aparelho normalmente durante o período de assinatura e, ao final do contrato, o devolve para a empresa — após retirar seu chip e reformatar o aparelho para não enviá-lo com nenhum dado pessoal. Os processos são feitos pelos Correios ou empresa similar.
Ao fim do contrato, o consumidor pode escolher entre:
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- renovar a assinatura e continuar com o aparelho;
- trocar por outro modelo; ou
- devolver o aparelho sem custos.
As empresas não oferecem opções de compra do aparelho, mas a depender do caso é possível ficar com o celular conforme algumas condições. No caso da Leapfone, por exemplo, após 30 meses de assinatura com o mesmo aparelho, o consumidor pode ficar com o equipamento por R$ 1. Já a Allu oferece a mesma proposta após três assinaturas de 12 meses feitas (36 meses).
No caso do Itaú, o modelo é exclusivo para clientes que podem adquirir iPhones ou modelos da Samsung com parcelamento em 21 vezes sem juros e tudo de forma online pelos apps ou site do banco. O consumidor recebe o aparelho em casa com frete grátis.
Ao final dos 21 meses, o consumidor terá pago 70% do valor do aparelho se for Apple e 60% se for Samsung e pode: comprar o aparelho pagando os 30% ou 40% restantes; fazer um upgrade para novo modelo em outras 21 vezes; ou devolver o aparelho de forma gratuita.
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Já o Bradesco explicou que possui uma parceria com a iPlace, revendedora oficial da Apple, e oferece aos seus clientes dos cartões de crédito, o iPlaceClub – uma espécie de assinatura dos smartphones da marca.Os clientes podem fazer um plano de assinatura para os modelos iPhone 14, iPhone 14 Plus, iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max, com parcelas a partir de R$ 209 mensais.
O plano terá duração de 21 meses e, ao final do período, o cliente devolve o aparelho e pode iniciar outro plano de assinatura de um iPhone novo. A oferta é opercionalizada pelo iPlace e os cartões do Bradesco são utilizados como forma de pagamento exclusiva do serviço de assinatura.
Vale a pena assinar?
A promessa das empresas é que no modelo de assinatura o custo para ter um aparelho é até 50% menor do que a compra no varejo, o que pode ser um atrativo para o consumidor ter aparelhos mais modernos por valores mais baixos (veja o quadro comparativo).
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Apesar do preço ser o chamariz para o consumidor, especialistas em finanças pessoais alertam que a comparação é palavra de ordem para tomar uma decisão.
Allan Inácio, coordenador de administração e professor de finanças da PUC-PR, exemplifica com um caso em que a pessoa queira assinar e manter o modelo escolhido por mais de um ano.
“Se a pessoa assina um iPhone por cerca de R$ 4 mil em 12 meses e renova o mesmo período pelo mesmo preço ou um pouco menos, já pagou cerca de R$ 8 mil em dois anos. O aparelho custa mais de R$ 8 mil? Se for menos, já não vale a pena, até porque já sofreu uma depreciação ao longo do período. Na compra do mesmo aparelho, se a pessoa parcelar em 12 vezes, vai pagar uma vez só R$ 4 mil e depois terá o celular para ele”, explica o especialista.
As empresas consultadas pela reportagem que oferecem essa opção exigem que o consumidor fique com o mesmo aparelho pelo menos 30 meses (Leapfone) ou três renovações (Allu) até ficarem com a posse definitiva do aparelho pelo valor simbólico de R$ 1.
Mas, se o consumidor quiser ou precisar trocar de aparelho todo ano, a assinatura pode ser uma opção.
“Se você faz um uso profissional do celular e precisa de um equipamento mais caro por causa da câmera, por exemplo, e precisa mantê-lo super atualizado, pode fazer sentido assinar. Afinal, nem todo mundo dispõe dos valores totais dos aparelhos top de linha todo ano para conseguir fazer o upgrade”, pondera Allan Inácio, da PUC-PR.
Cintia Senna, doutoranda em educação financeira pela Florida Christian University (FCU), concorda que é importante pensar na finalidade do aparelho, mas a recomendação dela é colocar os custos na ponta do lápis independentemente da situação.
“Qual o comprometimento mensal? Se você fosse comprar quanto pagaria mensalmente? Se conseguir revender o aparelho ao final de 12 meses, quanto conseguirá por isso? Tem desconto à vista? Tem juros? Tome cuidado para não olhar apenas a assinatura e a parcela, mas para o valor total do serviço. A comparação é crucial para decidir”, diz Senna.
Letras miúdas
O consumidor deve prestar atenção em algumas situações contidas nos contratos dos serviços. Confira:
- custos extras por danos aos aparelhos: tem seguro? como funcionam as cláusulas e multas contratuais em caso de danos ao aparelho ou furto?
A depender da empresa, o serviço de seguro está embutido, como na Leapfone, ou é cobrado em separado pela própria empresa, como nos serviços do Itaú e na Allu — neste segundo caso o consumidor precisa pagar 25% da assinatura se for roubado, por exemplo. A Triim não oferece seguro, mas indica parceiros e o consumidor pode contratar separadamente, se quiser.
- regras de renovação e quebra de contrato: qual o custo para cancelar a assinatura antes do fim do contrato? Qual o custo para trocar de aparelho antes do contrato acabar? Pode renovar por um modelo mais barato?
As empresas têm condições para trocas antecipadas de aparelhos e multas para cancelamento da assinatura (geralmente uma porcentagem do valor da assinatura). A escolha do aparelho na hora da renovação é livre dentro das opções disponíveis, conforme as empresas consultadas pela reportagem.
Quadro comparativo
Veja, a seguir, quadro comparativo com todas as informações sobre o serviço de assinatura de celular ofertado por 3 empresas deste mercado.
Allu | Leapfone | Triim | |
Marcas oferecidas | Apple | Apple, Samsung, Motorola e Xiaomi | Apple |
Modelos oferecidos | iPhone 12, 13, 13 Pro, 13 Pro Max, 14 Pro e 14 Pro Max | iPhone 13 e 14; Samsung Galaxy S2 Ultra; A23 e A14; Xiaomi Poco X5 Pro; Motorola Moto G53, G22 | iPhones: 13, 13 Pro, 13 Pro Max, 14, 14 Pro e 14 Pro Max |
Tipo do contrato | 12 meses | Mensal ou anual (12 meses) | 12 meses |
Preço (assinatura anual – 12 meses) | A partir de R$ 1.700/ano (iPhone 12 64GB) | A partir de R$ 780/ano (Galaxy A14 128 GB) | A partir de R$ 2.480/ano (iPhone 13) |
Preço do modelo mencionado acima no varejo online* | cerca de R$ 3,2 mil | cerca de R$ 1 mil | cerca de R$ 4,5 mil |
Meio de pagamento | cartão de crédito | cartão de crédito (cobrança recorrente, sem consumir o limite do cartão) | cartão de crédito ou Pix (até 10% off) |
Situação do aparelho | Novo ou seminovo | Novo ou seminovo | Novo ou seminovo (cliente pode escolher) |
Tem seguro? | Tem proteções para os celulares, com taxas de ativação pagas separadamente (serviços especiais de proteção com parceiros) | Sim, com valores embutidos na assinatura (tem seguradora em seu grupo) | Não |
Assinatura é renovável | Sim | Sim | Sim |
Assinatura permite compra? | Não | Não | Não |
É possível ficar com aparelho? | Sim (após 36 meses) | Sim (após 30 meses) | Não |
Tem multa se interromper contrato? | Não informou | 20% do valor restante da assinatura entre o dia do encerramento e o fim do contrato | 50% do valor restante da assinatura entre o dia do encerramento e o fim do contrato |
Tem taxa se quiser trocar de aparelho antes do fim do contrato? | Não informou | Sim | Pode ter, depende do aparelho |
O que vem com o aparelho? | celular, capinha e película, carregador completo | celular, capinha e película, carregador completo | celular, capinha e película, carregador completo |
Quanto tempo para receber o aparelho depois de assinar? | Até 10 dias úteis | Até 10 dias úteis | 15 dias (empresa não trabalha com estoque) |
Quando começou a operar? | 2020 | 2021 | 2020 |
Multa é cobrada por atraso na devolução do aparelho após fim do contrato? | Cliente tem 30 dias para regularizar situação e devolver aparelho; em casos extremos pode levar para esfera jurídica | Tenta negociar com o cliente; em casos extremos pode abrir B.O e levar caso para Justiça | 2% da mensalidade por dia de atraso; em casos extremos pode levar situação para Justiça |
Quantos clientes ativos? | 15 mil | 2 mil clientes | Não informou |