Galaxy S ou iPhone por metade do preço? Veja como funciona o celular por assinatura e compare opções

Especialistas ensinam como não cair em ciladas antes de fechar o contrato do serviço; confira

Giovanna Sutto

(Shutterstock)
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O smartphone é item essencial nos dias de hoje e mantê-lo atualizado é um desejo de muitos consumidores. Fazer um upgrade, porém, nem sempre é possível financeiramente, considerando os altos preços — sobretudo dos produtos premium, como iPhone ou Galaxy S.

Uma alternativa disponível no mercado é o modelo de celular por assinatura, que permite que o consumidor faça uma espécie de aluguel temporário de um smartphone de sua escolha e pague uma quantia por mês para utilizar todas as funcionalidades do aparelho.

A promessa das empresas consultadas pela reportagem é de que o preço final do aparelho ao fim do período de contrato fique até 50% mais barato na comparação com o do mesmo celular no varejo.

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A lógica da assinatura é a mesma que se observa nos serviços oferecidos para carros, por exemplo, no sistema “phone as a service” (ou celular como serviço).

Como funciona?

O InfoMoney buscou informações de três empresas que oferecem o serviço: Allu, Leapfone e Triim. Além disso, foram consultados alguns bancos: Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, C6, Itaú, Inter, Next e Santander.

O Itaú e o Bradesco oferecem planos de aquisição de celulares em um formato similar ao da assinatura. Santander e BB ofertam consórcio. Inter, C6 e Next disponibilizam cashback; e a Caixa não retornou ao pedido da reportagem até esta publicação.

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As empresas especializadas na assinatura disponibilizam o serviço com algumas variações. Mas, basicamente, o passo a passo é o seguinte:

Com o celular em mãos, o consumidor adiciona seu próprio chip, utiliza o aparelho normalmente durante o período de assinatura e, ao final do contrato, o devolve para a empresa — após retirar seu chip e reformatar o aparelho para não enviá-lo com nenhum dado pessoal. Os processos são feitos pelos Correios ou empresa similar.

Ao fim do contrato, o consumidor pode escolher entre:

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As empresas não oferecem opções de compra do aparelho, mas a depender do caso é possível ficar com o celular conforme algumas condições. No caso da Leapfone, por exemplo, após 30 meses de assinatura com o mesmo aparelho, o consumidor pode ficar com o equipamento por R$ 1. Já a Allu oferece a mesma proposta após três assinaturas de 12 meses feitas (36 meses).

No caso do Itaú, o modelo é exclusivo para clientes que podem adquirir iPhones ou modelos da Samsung com parcelamento em 21 vezes sem juros e tudo de forma online pelos apps ou site do banco. O consumidor recebe o aparelho em casa com frete grátis.

Ao final dos 21 meses, o consumidor terá pago 70% do valor do aparelho se for Apple e 60% se for Samsung e pode: comprar o aparelho pagando os 30% ou 40% restantes; fazer um upgrade para novo modelo em outras 21 vezes; ou devolver o aparelho de forma gratuita.

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Já o Bradesco explicou que possui uma parceria com a iPlace, revendedora oficial da Apple, e oferece aos seus clientes dos cartões de crédito, o iPlaceClub – uma espécie de assinatura dos smartphones da marca.Os clientes podem fazer um plano de assinatura para os modelos iPhone 14, iPhone 14 Plus, iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max, com parcelas a partir de R$ 209 mensais.

O plano terá duração de 21 meses e, ao final do período, o cliente devolve o aparelho e pode iniciar outro plano de assinatura de um iPhone novo. A oferta é opercionalizada pelo iPlace e os cartões do Bradesco são utilizados como forma de pagamento exclusiva do serviço de assinatura.

Vale a pena assinar?

A promessa das empresas é que no modelo de assinatura o custo para ter um aparelho é até 50% menor do que a compra no varejo, o que pode ser um atrativo para o consumidor ter aparelhos mais modernos por valores mais baixos (veja o quadro comparativo).

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Apesar do preço ser o chamariz para o consumidor, especialistas em finanças pessoais alertam que a comparação é palavra de ordem para tomar uma decisão.

Allan Inácio, coordenador de administração e professor de finanças da PUC-PR, exemplifica com um caso em que a pessoa queira assinar e manter o modelo escolhido por mais de um ano.

“Se a pessoa assina um iPhone por cerca de R$ 4 mil em 12 meses e renova o mesmo período pelo mesmo preço ou um pouco menos, já pagou cerca de R$ 8 mil em dois anos. O aparelho custa mais de R$ 8 mil? Se for menos, já não vale a pena, até porque já sofreu uma depreciação ao longo do período. Na compra do mesmo aparelho, se a pessoa parcelar em 12 vezes, vai pagar uma vez só R$ 4 mil e depois terá o celular para ele”, explica o especialista.

As empresas consultadas pela reportagem que oferecem essa opção exigem que o consumidor fique com o mesmo aparelho pelo menos 30 meses (Leapfone) ou três renovações (Allu) até ficarem com a posse definitiva do aparelho pelo valor simbólico de R$ 1.

Mas, se o consumidor quiser ou precisar trocar de aparelho todo ano, a assinatura pode ser uma opção.

“Se você faz um uso profissional do celular e precisa de um equipamento mais caro por causa da câmera, por exemplo, e precisa mantê-lo super atualizado, pode fazer sentido assinar. Afinal, nem todo mundo dispõe dos valores totais dos aparelhos top de linha todo ano para conseguir fazer o upgrade”, pondera Allan Inácio, da PUC-PR.

Cintia Senna, doutoranda em educação financeira pela Florida Christian University (FCU), concorda que é importante pensar na finalidade do aparelho, mas a recomendação dela é colocar os custos na ponta do lápis independentemente da situação.

“Qual o comprometimento mensal? Se você fosse comprar quanto pagaria mensalmente? Se conseguir revender o aparelho ao final de 12 meses, quanto conseguirá por isso? Tem desconto à vista? Tem juros? Tome cuidado para não olhar apenas a assinatura e a parcela, mas para o valor total do serviço. A comparação é crucial para decidir”, diz Senna.

Letras miúdas

O consumidor deve prestar atenção em algumas situações contidas nos contratos dos serviços. Confira:

A depender da empresa, o serviço de seguro está embutido, como na Leapfone, ou é cobrado em separado pela própria empresa, como nos serviços do Itaú e na Allu — neste segundo caso o consumidor precisa pagar 25% da assinatura se for roubado, por exemplo. A Triim não oferece seguro, mas indica parceiros e o consumidor pode contratar separadamente, se quiser.

As empresas têm condições para trocas antecipadas de aparelhos e multas para cancelamento da assinatura (geralmente uma porcentagem do valor da assinatura). A escolha do aparelho na hora da renovação é livre dentro das opções disponíveis, conforme as empresas consultadas pela reportagem.

Quadro comparativo

Veja, a seguir, quadro comparativo com todas as informações sobre o serviço de assinatura de celular ofertado por 3 empresas deste mercado.

Allu Leapfone Triim
Marcas oferecidas Apple Apple, Samsung, Motorola e Xiaomi Apple
Modelos oferecidos  iPhone 12, 13, 13 Pro, 13 Pro Max, 14 Pro e 14 Pro Max iPhone 13 e 14; Samsung Galaxy S2 Ultra; A23 e A14; Xiaomi Poco X5 Pro; Motorola Moto G53, G22 iPhones: 13, 13 Pro, 13 Pro Max, 14, 14 Pro e 14 Pro Max
Tipo do contrato 12 meses Mensal ou anual (12 meses) 12 meses
Preço (assinatura anual – 12 meses) A partir de R$ 1.700/ano (iPhone 12 64GB) A partir de R$ 780/ano (Galaxy A14 128 GB)  A partir de R$ 2.480/ano (iPhone 13)
Preço do modelo mencionado acima no varejo online*  cerca de R$ 3,2 mil cerca de R$ 1 mil cerca de R$ 4,5 mil
Meio de pagamento cartão de crédito cartão de crédito (cobrança recorrente, sem consumir o limite do cartão) cartão de crédito ou Pix (até 10% off)
Situação do aparelho  Novo ou seminovo Novo ou seminovo Novo ou seminovo (cliente pode escolher)
Tem seguro? Tem proteções para os celulares, com taxas de ativação pagas separadamente (serviços especiais de proteção com parceiros) Sim, com valores embutidos na assinatura (tem seguradora em seu grupo) Não
Assinatura é renovável Sim Sim Sim
Assinatura permite compra? Não Não Não
É possível ficar com aparelho? Sim (após 36 meses) Sim (após 30 meses) Não
Tem multa se interromper contrato? Não informou 20% do valor restante da assinatura entre o dia do encerramento e o fim do contrato 50% do valor restante da assinatura entre o dia do encerramento e o fim do contrato
Tem taxa se quiser trocar de aparelho antes do fim do contrato? Não informou Sim Pode ter, depende do aparelho
O que vem com o aparelho? celular, capinha e película, carregador completo celular, capinha e película, carregador completo celular, capinha e película, carregador completo
Quanto tempo para receber o aparelho depois de assinar? Até 10 dias úteis Até 10 dias úteis 15 dias (empresa não trabalha com estoque)
Quando começou a operar? 2020 2021 2020
Multa é cobrada por atraso na devolução do aparelho após fim do contrato? Cliente tem 30 dias para regularizar situação e devolver aparelho; em casos extremos pode levar para esfera jurídica Tenta negociar com o cliente; em casos extremos pode abrir B.O e levar caso para Justiça 2% da mensalidade por dia de atraso; em casos extremos pode levar situação para Justiça
Quantos clientes ativos? 15 mil 2 mil clientes Não informou
*Pesquisa em sites de varejistas pelo mesmo modelo e capacidade de armazenamento para compra. 

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.