Brasil terá falta de gás natural até 2010; consumidor sentirá no bolso

Para haver um equilíbrio na oferta e demanda, é necessário o início da produção nos campos de Golfinho e Mexilhão

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Tanto a Universidade Estadual de Campinas quanto a Universidade Federal do Rio de Janeiro concordam: até 2010, dificilmente o Brasil ofertará o volume necessário de gás natural para atender à demanda. As declarações foram feitas por especialistas das entidades após a Petrobras reduzir em 17%, na semana passada, o fornecimento dos combustíveis a distribuidoras do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Conforme relataram professores, o prazo de aproximadamente dois anos para normalizar a situação é motivado pelo tempo que os campos de Golfinho e Mexilhão, nas Bacias do Espírito Santo e de Santos, vão demorar para entrar em produção.

Sem solução

“Não há solução no curto prazo. Se houver um corte no fornecimento do gás que o Brasil importa diariamente da Bolívia por qualquer razão – a queda de um raio, por exemplo – a disponibilidade interna do produto cairá à metade”, previu Giuseppe Bacoccoli, docente da UFRJ e um dos membros do do Programa de Planejamento Energético da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coope).

Continua depois da publicidade

Bacoccoli lembrou que a situação atual foi motivada pela necessidade de aumentar o consumo interno do gás natural. “Em 2001, com o apagão, criou-se a opção pela utilização do gás excedente nas usinas térmicas para a geração de energia. Depois vieram os incentivos dados ao crescimento do mercado brasileiro de gás e os grandes consumidores industriais passaram a retirar mais”.

No bolso

O professor Saul Suslick, do Instituto de Geociências da Unicamp, por sua vez, afirmou que até as explorações do Espírito Santo e de Santos entrarem em vigor, o consumidor “deverá sentir no bolso” os efeitos da queda da oferta de gás. Isso por conta da obrigação contratual que a Petrobras tem com o Operador Nacional do Sistema de fornecer o combustível para o funcionamento de termelétricas.

Suslick disse que o alto consumo nos últimos três, quatro anos foi conseqüência da decisão governamental de congelar o preço do produto, em 2003 e 2004, mas a obrigação da Petrobras em fornecer gás às termelétricas e a crise recente na importação de gás boliviano trazem problemas “que demorarão a ser superados”, disse à Radio Nacional.

Continua depois da publicidade

Preço do petróleo

Giuseppe Bacoccoli, da UFRJ, também ressaltou o fato de que a alta excessiva do preço do petróleo no mercado externo contribuiu para o agravamento do problema, ao inviabilizar a antecipação da entrada em produção dos campos das bacias de Santos e Espírito Santo.

“Nos próximos dois anos, até 2010, nós estaremos em uma situação extremamente delicada: se faltar energia elétrica nós teremos que conviver ou com o apagão ou com a falta de gás para atender aos outros segmentos da economia, como os consumidores de GNV e as indústrias”, finalizou.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.