Bolívia reduzirá fornecimento de gás ao Brasil, diz FT; produto deve encarecer 6%

Expectativa quanto ao preço é da Trevisan, que cita a medida como uma forma de desestimular o consumo no mercado interno

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O volume de gás boliviano liberado ao Brasil deve ser diminuído a partir de meados deste ano, quando chegar o inverno. A previsão consta em reportagem publicada no jornal britânico Financial Times, ao levar em consideração as negociações pelas quais passam os dois países. E, conforme a Trevisan Consultoria, a mais nova polêmica a respeito das negociações comerciais entre os dois países deve fazer o consumidor final pagar 6% a mais pelo produto.

“Esse aumento de preço deve desestimular o consumo interno. A Petrobras não tem condições de segurar essa crise, então terá de haver um repasse do custo”, explicou o consultor do núcleo de Negócios Internacionais da empresa e autor do livro “Bolívia, Brasil e a Guerra do Gás” (2007), José Alexandre Hage.

Entenda

De acordo com o FT, a idéia é que a Bolívia aumente o fornecimento para a Argentina. A distribuidora daquele país pagará US$ 7 por BTU (unidade térmica britânica), sendo que o Brasil desembolsa US$ 5,6 pela mesma quantidade.

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Atualmente, contratos garantem fornecimento de 30 milhões de metros cúbicos diários à Petrobras e mais 7,7 milhões de metros cúbicos diários à Enarsa, estatal argentina. Contudo, adicionou o FT, a capacidade de suprimento está em 27 milhões de metros cúbicos/dia e 3 milhões de metros cúbicos/dia para os países, respectivamente.

Conforme Hage, da Trevisan, se houver combustível insuficiente, a situação será agravada no período de estiagem, quando as usinas termelétricas – movidas a gás – precisam ser ativadas. “Deverá então ser criado um critério de uso”, afirmou.

Situação parecida já ocorreu. No dia 31 de outubro, a Petrobras reduziu em 17% o volume do gás natural fornecido a duas distribuidoras do Rio de Janeiro e uma de São Paulo – cidades que formam o maior mercado consumidor brasileiro. O motivo foi exatamente direcionar o combustível a termelétricas.

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As distribuidoras fluminenses decidiram cortar o fornecimento do produto a postos de combustíveis como forma de garantir o atendimento a comércios e hospitais.

“Satisfaça a todos”

“É provável que haja um aumento da demanda no Brasil e na Argentina durante os meses de inverno”, afirmou o vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, ao jornal britânico. “Esses novos volumes serão discutidos pelos três presidentes, que chegarão a um acordo que satisfaça a todos.

Por sua vez, a Petrobras enviou nota à imprensa na última quinta-feira (14) afirmando que existe uma impossibilidade de reduzir a demanda do volume máximo de 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural previsto no contrato de compra firmado com a estatal boliviana.

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Dependência

“Essa é uma forma de deixar a decisão nas mãos do governo boliviano”, afirmou Hage, da Trevisan. “Existe gás na Bolívia, o que não há é condição financeira de explorar esse gás, mas o Brasil está em uma situação de dependência com o gás daquele país, querendo ou não”, citou.

Dessa forma, o executivo acredita que a estatal brasileira acabará sendo forçada a investir novamente na Bolívia. “Claro que com mais prudência e temor”, alertou, lembrando da nacionalização dos hidrocarbonetos, feita pelo presidente Evo Morales em 2006.

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