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Favoritos para disputar o segundo turno da eleição à presidência, tanto Fernando Haddad (PT) como Jair Bolsonaro (PSL) não devem resolver o problema da economia brasileira, principalmente no que diz respeito à questão fiscal, senão piorá-la. Essa é a visão do doutor em economia e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Alexandre Schwartsman.
Em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com o InfoMoney, Schwartsman é categórico ao afirmar que “não tem a menor chance de dar certo” sobre os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto. Ele descarta um governo petista que funcione ao convergir para o centro e questiona uma eventual agenda liberal adotada por Bolsonaro.
“Não tem como o Haddad convergir para o centro. As forças políticas que o apoiam se opõem a essas coisas [reformas fiscal e previdenciária]. Ele vai ter que fazer um salto triplo mortal carpado para trás para dizer que tudo o que foi dito na campanha não era o que de fato iria fazer, um estelionato eleitoral”, comenta Schwartsman. “A ideia de que você consegue fazer um movimento para o centro porque tem vontade política é de uma ingenuidade atroz”, complementa, lembrando que Dilma Rousseff, ao nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda em seu segundo mandato, perdeu apoio de parte do seu partido.
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No caso de Bolsonaro, o economista reconhece que uma sensação de euforia pode dominar o mercado no início do mandato presidencial. Contudo, o histórico do candidato não o faz crer que as reformas necessárias serão implementadas.
“Ele tem uma tintura liberal, mas vamos falar a verdade: a capivara das votações do Bolsonaro nos seus 28 anos de Congresso não dá a menor indicação de que ele está disposto a comprar [a pauta de reformas]”, afirma. Segundo Schwartsman, o candidato do PSL atua como um “sindicalista militar” e não enfrentaria a corporação da qual faz parte para corrigir as contas públicas.
Além de se mostrar pessimista com os possíveis resultados da eleição, o ex-diretor do BC lamenta que a situação fiscal não seja a discussão prioritária do pleito.
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“Cada grupo não admite perder o seu quinhão do gasto público. Enquanto seguimos o caminho do abismo fiscal, estamos discutindo quem vai sentar na janelinha enquanto o carro se encaminha para o abismo”, salienta Schwartsman.