Irreversível, globalização é solução contra a desigualdade mundial

Adolfo Mesquita Nunes, jurista e ativista político português, rechaça concepções de que integração das economias seria responsável por problemas contemporâneos

Um Brasil

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Em que pese todas as críticas, a globalização é a responsável por aumentar a riqueza, diminuir a desigualdade e prover melhores condições de vida em todos os cantos do mundo.

Ameaçado por defensores do isolacionismo, o processo, no entanto, não deixa de impor desafios, dos quais o principal é a necessidade de capacitação profissional para as exigências dos novos empregos. Assim resume e defende o movimento globalista Adolfo Mesquita Nunes, advogado, jurista e ativista político português.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Nunes diz que, em razão dos avanços proporcionados pela globalização, a vida, hoje, não é comparável à de 50 anos atrás. Ele discorda da tese de que os países deveriam ser autossuficientes e rechaça teorias de que “haveria mais riqueza se o mundo não fosse tão global”.

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“Existe uma espécie de romantização do passado, em que tendemos a olhar para as coisas positivas que nossos avós nos contam, esquecendo por completo das agruras pelas quais eles passavam”, observa Nunes.

É evidente que o cidadão médio, hoje, vive com mais dinheiro e oportunidades do que há 20, 30 ou 40 anos.”

De acordo com Nunes, a globalização é a responsável por diminuir a desigualdade mundial. Ao mesmo tempo, reconhece que a disparidade entre ricos e pobres está crescendo em alguns lugares do planeta, como nos Estados Unidos. Ainda assim, defende o processo globalista como redutor de desequilíbrios dizendo que, na Europa, os indicadores diferem conforme o país.

“As Nações Unidas têm concluído que a globalização não explica o aumento [localizado] da desigualdade, porque vários países igualmente expostos a ela têm comportamentos distintos. Isso significa que as políticas nacionais de combate à desigualdade são muito importantes, porque elas, de fato, são determinantes para haver maior ou menor desigualdade”, comenta o jurista.

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Ex-deputado e secretário de Estado do Turismo de Portugal, Nunes salienta que, goste ou não da globalização, trata-se de um processo irreversível, o qual gera “empregos distintos nas várias áreas do globo”.

“A única solução que temos é capacitar e qualificar os recursos humanos para os novos empregos e criar condições para que os investimentos aconteçam nos nossos países”, afirma.

Modelo chinês e ameaça à democracia

Autodeclarado entusiasta do liberalismo, Nunes avalia que a China pode se tornar um problema para o mundo, por ter uma economia “politicamente motivada”. Com este modelo, no qual as empresas seguem ordens do governo, pretensões expansionistas e de interferência em outras nações ameaçam a estabilidade mundial.

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“O mundo precisa pensar de que forma atua perante este gigante econômico. E não pode fazê-lo bilateralmente, porque nenhum país, nem mesmo os Estados Unidos, tem, hoje, condições de discutir de igual para igual com o poderio chinês. A única forma de reagir é multilateralmente. Isto é, que haja uma grande coligação das grandes economias de mercado mundiais para podermos fazer um contraponto”, conjectura.

Atualmente fora da política, Nunes destaca que a polarização sempre existiu. Contudo, nos últimos anos, a forma com que as pessoas lidam com o pensamento contraditório mudou, o que põe em risco o sistema democrático.

“A polarização, normalmente, é positiva. Isto é, adiro à direita porque concordo com a direita. A polarização à qual estamos assistindo, hoje, é negativa. Isto é, adiro à direita porque odeio a esquerda [e vice-versa]. Isto mina a democracia, porque o pressuposto da democracia é o respeito pela opinião contrária. É reconhecer ao outro o direito de pensar, de ganhar eleições e de existir, apesar de defender coisas completamente distintas das minhas”, explica o jurista.

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