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Acometido por crises econômicas e políticas recorrentemente desde a década passada, o Brasil, para deixar de ser “o país em desenvolvimento que não se desenvolve”, precisa de reformas estruturais. Além disso, se quiser se tornar um líder global, não pode ignorar a necessidade de fazer uma “faxina” interna, porque nenhuma nação projeta poder sem resolver os problemas domésticos anteriormente.
Essa é a avaliação da diretora de análise da consultoria norte-americana Geopolitical Futures, Allison Fedirka, em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com a Revista Problemas Brasileiros (PB), ambos realizações da FecomercioSP, como parte da série Brasil Visto de Fora, na qual estudiosos estrangeiros apontam considerações sobre o País.
De acordo com Allison, a atual turbulência política que o País atravessa não se originou no governo de Jair Bolsonaro.
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“A crise política que o Brasil está passando agora, em muitos aspectos, é a mesma que ocorreu em 2013 e 2015. É uma continuação. A crise da Dilma não é separada da do Bolsonaro”, opina. “O que também não é separado de o Lula ter ido para a cadeia ou o Temer ter aprovação de 6% quando assumiu a presidência”, complementa.
Segundo ela, assim como os Estados Unidos, o Brasil é um país cujas regiões têm diferentes necessidades, o que dificulta a governabilidade.
“A raiz disso é a diversidade [social] do Brasil. Há duas regiões economicamente muito diferentes, se comparar o Nordeste com o Sul. Há um enorme e constante desafio de como equilibrar as decisões econômicas e políticas necessárias para criar um bom nível de vida para as pessoas de uma região e cuidar das necessidades de outra. Elas têm necessidades fundamentalmente distintas”, pontua.
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Contexto internacional
Tendo vivido sete anos na América do Sul, Allison indica que o Brasil tem capacidade para se tornar um líder global, desde que se posicione no jogo político internacional e tome providências a respeito de seus problemas internos.
“Não se projeta poder sem conseguir cuidar do próprio país. Há sempre uma pequena faxina que deve ser feita antes que um País consiga se projetar para fora”, reforça.
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A diretora da Geopolitcal Futures também frisa que permanecer no meio da disputa entre Estados Unidos e China é “o maior desafio que o Brasil já teve”.
“O Brasil quer entrar nas grandes ligas? Ele tem de assumir a responsabilidade e perceber que, talvez, não possa ser amigo e ser tudo para todos o tempo todo”, afirma.
Ademais, Allison destaca que o País não pode se iludir com uma eventual retomada econômica pós-pandemia. “O Brasil também precisa de reformas econômicas estruturais. Mesmo com uma recuperação rápida, sem essas reformas, ainda haveria problemas que o colocariam em desvantagem em termos de participação em mercados financeiros e no comércio internacional”, alerta.