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Rishikesh, Uttarakhand – Índia. Da sacada do meu hotel, esfrego os olhos. Demoro a acreditar que aquele é o rio Ganges. Um rio de águas turbulentas e cor verde está a alguns passos de mim. Limpo. Limpíssimo. Quase imaculado. Enquanto penso nesta improbabilidade, meia dúzia de barcos desliza com relativa velocidade sob meus olhos ainda mais incrédulos.
Rio Ganges em Rishikesh: incrivelmente limpo
Antes de me beliscar, sou arrancado de meu “sonho” pelas vozes animadas dos remadores. Vestindo capacetes e roupas coloridas, se esforçam para manter os botes infláveis no rumo certo e fugir de algumas pedras no meio do caminho, digo, no meio do rio.
O Ganges nasce no Himalaya e chega puríssimo a Rishikesh: excelente para rafting!
Um homem santo se ajoelha e toma um bom gole de água do Ganges. Uma mulher pobre se agacha em frente à correnteza.
Com uma prece, oferece uma flor e uma vela acesa que são devoradas pelo rio.
Rafting e meditação = adrenalina e equilíbrio
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Estou a apenas 230 quilômetros de Nova Delhi, capital política da Índia. No entanto, me sinto a anos luz de distância. Rishikesh é o centro da meditação dos hindus. Foi aqui que aqueles caras chamados Beatles se iluminaram há algumas décadas e mudaram para sempre a imagem que o mundo tinha da Índia.
Curiosos e atrevidos, macacos são considerados deuses na Índia
Pelas ruas desta pequena cidade, turistas se misturam a homens santos, macacos e rickshaws! Uma balburdia organizadamente desorganizada. Desde sempre peregrinos do mundo todo vem para cá.
Tradição e modernidade andam juntas na Índia atual
Uns buscam conhecimento, entendimento, paz. Outros, aventura, esportes radicais. Mas todos, sem exceção, encontram liberdade. Em Rishikesh ela é quase palpável.
Turistas agradavelmente surpresos: rio Ganges limpo!
“Me surpreendi! “Achei que viria para uma viagem espiritual e estou me surpreendendo a cada dia”, afirma Bruno Caprio, paulista que trabalha em uma editora no interior de São Paulo.
Bruno(E) e Marisa(D): que meditação que nada!!!
“É a primeira vez que faço rafting e estou adorando” explica Marisa dos Anjos, professora, paulistana e praticante de yoga de carteirinha. Ambos acabam de desembarcar em frente ao meu hotel. Ambos vieram em busca de meditação. Ambos encontraram adrenalina em um lugar onde todos procuram serenidade.
A ex executiva que mudou de vida: era infeliz e sabia!
“Pouca gente sabe que, além de yoga, Rishikesh tem uma grande estrutura a oferecer, diz Cristiane-Eshana Cury, representante da Indo Ásia Tours Brasil. Há alguns anos, o sangue do Oriente Médio se rendeu aos deuses hindus e ela abandonou sua carreira de executiva em São Paulo. Hoje, guia turistas em busca de novas experiências, de novos rumos, de novas descobertas.
Aarti, a cerimonia eterna no rio sagrado
“Apesar do sucesso financeiro, estava infeliz com minha vida” resume ela feliz da vida.
Cerimonia repetida todos os dias, ao anoitecer, há milhares de anos
Trekking meditativo é outra atividade surpreendente em Rishikesh. Caminhadas em meio a uma selva bem conservada em direção a templos diante da cordilheira do Himalaya também agitam e surpreendem quem vem em busca de elevação apenas religiosa. Ao chegar no Templo Shri Kuja Puri, nos sopés do Himalaya, o cansaço de alguns quilômetros de caminhada desaparece em meio ao esplendor dos picos eternamente nevados.
Macacos e outros animais podem ser observados durante o trekking
Em dias de sol é possível avistar grande parte da cordilheira mais alta do mundo e meditar, meditar, meditar. Ao anoitecer, diariamente há séculos, os candeeiros se acendem na beira do rio sagrado. É a cerimônia do Aarti, conduzida por homens santos e repartida por todos.
Homens santos, crianças e famílias se misturam aos turistas durante as cerimonias
Cânticos entoados coletivamente fazem esquecer os esportes radicais do dia e preparam a alma para a elevação espiritual que, acredite, sempre vem!
Ponte sob o rio Ganges que liga os dois lados da cidade de Rishikesh
Há gurus e homens santos para todos os tipos, de todas as origens, como por exemplo o quase “star” Prem Baba, que arrasta seguidores há anos. Outros, desconhecidos, realizam seus rituais sagrados para peregrinos também desconhecidos à beira de um Ganges único.
Da sacada do hotel uma vista privilegiada do rio sagrado: tranquilidade e conforto!
Não é à toa que foi aqui que aqueles cabeludos de Liverpool se iluminaram. Não é à toa que foi aqui que eles se inspiraram e criaram uma das mais entoadas músicas de todos os tempos: All we need is love! Tudo que precisamos é amor!
Jornalista Paulo Panayotis viajou a convite do Governo da Índia com roteiro da Indo Ásia Tours Brasil e seguro viagem Travel Ace.