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São Paulo – SP. Tinha acabado de voltar de Londres pela segunda vez, onde morei e trabalhei por vários anos. Para prestigiar uma empresa brasileira (apesar da Decolar ser estrangeira porém operando no Brasil), resolvi comprar passagens aéreas para a China utilizando a agência de turismo virtual. Achei o que me parecia ser muito bom: dois bilhetes aéreos para Xangai via Seul, na Coreia do Sul. Na época, a Korean Airlines operava no Brasil. Voo escolhido, optei por pagar em quatro parcelas no cartão de crédito. Começaram aí meus problemas. A Decolar debitou tudo à vista. Achou ruim? Calma que vai piorar.
Decolar: ser grande não é sinal de ser o melhor!
Nem tive tempo de reclamar, chega um e mail. “Agradecemos muito por usar a Decolar. Infelizmente as passagens que o senhor escolheu não estão mais disponíveis. No entanto, como nosso cliente valioso, oferecemos a troca por outro voo, no mesmo dia e na mesma companhia”, escrevia o e mail. Li com atenção. “Oferecemos ao senhor dois bilhetes na classe Executiva da Korean Airlines.” Fiquei radiante. O Brasil começou a funcionar, pensei comigo mesmo. A felicidade acabou quando li o final do e mail: “No entanto, há uma diferença tarifária que o senhor vai ter que pagar, explicavam ele: congelei! “Por apenas mais R$ 23 mil reais – uma tarifa especial exclusiva para clientes Decolar – o senhor terá upgrade da classe econômica para a classe executiva da Korean, considerada uma das melhores do mundo”. Jura? Apenas R$ 23 mil reais? Alternativamente, o senhor pode trocar os bilhetes comprados por outras companhias, pagando, obviamente eventual diferença tarifaria, deixava clara a mensagem. Muito ruim, não? Aliás, desleal. Aliás, fraudulento, na minha opinião. Todas as outras alternativas/companhias oferecidas eram em outros dias e em outros horários considerando os bilhetes originais que havia comprado. Imediatamente respondi ao e mail dizendo que não tinha interesse em trocar meus bilhetes pagando uma diferença de “apenas” R$ 23 mil reais para embarcar na executiva da Korean. Os outros voos oferecidos, todos com infinitas escalas e, como disse acima, em outros dias e horários, também tinham diferenças tarifárias a serem pagas. “São as políticas das companhias aéreas”, concluía o texto do e mail.
Paulo Panayotis no aeroporto Charles De Gaulle
Desisti e pedi o reembolso em menos de 24 horas, conforme a lei determina. Comprei com um site inglês, que uso há mais de duas décadas. Como de costume, não tive problema algum desta vez. Os voos que escolhi, com escalas em Londres, foram honrados e os valores foram devidamente debitados de acordo com o que havia sido combinado na hora da compra.
Se eu recebi o reembolso da Decolar? Após muitos problemas e, principalmente após dizer que era jornalista especializado em turismo, eles estornaram o valor. Demorou! Muito! Muito mesmo. “É a política dos cartões de crédito no Brasil”, justificou a Decolar via e mail. Detalhe: tentei, em vão, entrar em contato com alguém por telefone. Nada. Tentei a assessoria de imprensa da Decolar. Nada. Tentei de tudo. Nada! Tive que esperar pela devolução do jeito e no prazo que a Decolar estabeleceu. Sem negociação. Sem interlocução. Sem nada. Mais um detalhe. Botei a boca no trombone em vários sites de reclamação. Pediram desculpas, disseram que já estavam providenciando o reembolso mas que a culpa não era deles, blá, blá, blá. Resultado: nunca mais usei a Decolar.
Agencias de Viagem virtuais: cuidado!
Nesta segunda feira, 18 de Junho de 2018, a imprensa brasileira publicou várias reportagens com a manchete: Decolar é multada em R$ 7,5 milhões por práticas abusivas contra o consumidor. Abusivas e discriminatórias, completam as reportagens. Acrescento: publicidade enganosa, abuso de poder econômico, má fé, deslealdade, etc, etc, etc. Dica importante: compras on line sem ter um interlocutor do lado de lá, desconfie. O mercado se encarregará da Decolar. Aliás, já está se encarregando.
FOTOS: Paulo Panayotis/Adriana Reis/divulgação (CRÉDITO OBRIGATÓRIO)
Paulo Panayotis é jornalista profissional, fundador do Portal O Que Vi Pelo Mundo, foi correspondente internacional e já esteve nos cinco continentes