Pode levar linguiça, diz Governo!

Já imaginou voltar de Paris com Foie Grás e ver aquele quitute ser destruído na sua frente? Pois eu já vi! Mas parece que agora, o governo brasileiro, na contra mão de todo o mundo civilizado, resolveu liberar a entrada daquelas delícias só encontrada lá fora... Bom para quem gosta, n`est pá?

Paulo Panayotis

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– O que o senhor está fazendo? 
– Destruindo este produto. 
– Mas é “foie gras”!
– A alternativa para levar é o senhor pagar o imposto. 
– Pode destruir.

A conversa acima soa como papo de louco? Pois não é! Aliás, não foi. Ouvi este diálogo entre um fiscal da Receita Federal e um passageiro que tinha acabado de desembarcar no aeroporto de Guarulhos, vindo de Paris, França. Por questões sanitárias, e até mesmo legais, trazer uma série de produtos do exterior é proibido. Ou ao menos era. 


Foies gras d’oie, ou fígado gordo de Ganso… | Crédito: Paulo Panayotis

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Enogastrônomos de plantão uní-vos!!!

Alguns deles como o “fígado gordo de pato ou de ganso”, o tal do foie gras (se lê foá grá), não era proibido, mas ficava tão caro se tivesse que pagar os impostos, que não compensava. Melhor destruir, deve ter pensado o indignado passageiro, a deixar o produto com o fiscal da Receita Federal. Na terça feira, dia 10 de maio, o governo brasileiro decretou: turistas agora podem entrar no País com queijos, embutidos e doces. Há um limite, é claro,  de cinco quilos por pessoa. Mas podem. Muita gente gosta de viajar. São turistas. Muita gente gosta de viajar para comer. São viajantes que curtem o turismo gastronômico ou enograstronômico! Gourmets traziam de tudo na mala. Mortadela, fungos secos (funghi secchi) e até mesmo legumes , ervas e vegetais frescos inexistentes no Brasil. Arriscavam. Sabiam que se fossem pegos com a boca na mortadela, digo, na “botija”, perderiam o almejado quitute. 


Mercado funciona ininterruptamente há mais de dois séculos em Londres | Crédito: Paulo Panayotis

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Orgânicos há mais de 250 anos!

Acabei de voltar de Londres e Paris. Fui justamente buscar tendências gastronômicas, novos produtos, sabores. Não há, para mim, melhores lugares para procurar – e achar –  produtos de tantas partes do mundo reunidos num só lugar! Dois exemplos: Borough Market, em Londres, e as feiras de rua, em Paris. Na capital inglesa, o Borough Market funciona ininterruptamente há mais de 250 anos! Tem de tudo. E tudo com qualidade. Carnes de caça, embutidos de primeira, produtos orgânicos. Diga-se de passagem, os produtos deles são orgânicos há mais de 250 anos! Me perco na infinidade de produtos. Salame curado de veado, carne de avestruz, tomates das mais variadas formas e cores, legumes pouco conhecidos como parsnip ou pastinaca. Isto sem falar em pães, mel, peixes, frutos do mar, frutas. Passo o dia e, e claro, aproveito para almoçar por lá ou comprar algo para um piquenique.


Produtos em feira livre em Paris… um pouco de tudo! | Crédito: Paulo Panayotis

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Nas ruas há mais de 250 anos!

Em Paris, a tentação gastronômica é muito maior. Há dezenas de feiras de rua. Uma melhor e mais saborosa que a outra! Queijos, queijos e mais queijos. Trufas, na época correta, geleias caseiras, frutos do mar pouco conhecidos por aqui. Provar comida local faz parte da experiência de cada viagem. Frequentar feiras e mercados locais revela um pouco do cotidiano e da cultura de um povo. 


Muito comum, a carne de caça é largamente consumida na Europa | Crédito: Paulo Panayotis

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Escambo alimentar

O comércio de carnes, laticínios, verduras e legumes, é tão antigo quanto o homem. Os governos, para garantir impostos e supostamente proteger a população de contaminações e outros problemas sanitários, proibiu este “escambo” alimentar. É mundial. E olha que quanto mais civilizados os países, mais severas as restrições. 


Frescos e diferentes, frutos do mar são muito apreciados na França | Crédito: Paulo Panayotis

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Uma determinação do MAPA

Por isso estranho este “presente” do governo brasileiro, esta determinação do MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – em liberar a entrada de produtos rigorosamente controlados em todo o mundo… Melhor para os gourmets, melhor para os turistas gastronômicos… Finalmente terão seu apetite por guloseimas satisfeito… E enquanto saboreiam queijos, embutidos e doces sem precisar trazê-los sorrateiramente nas malas, poderão dizer: finalmente o povo brasileiro pode levar linguiça amparado pela lei! 


O povo já pode levar linguiça… | Crédito: Paulo Panayotis

Gosta de trufas? Então está convidado!!!

Em tempo: Como jornalista especializado em turismo, sou o curador do Projeto Uma Janela Para o Conheciment by O Que Vi Pelo Mundo no Unibes Cultural. No dia 7 de junho acontece o segundo encontro do ciclo com o tema Turismo Gastronomico. Terei como convidados três feras! Um dos sócios do Eataly, o chefe Guga Rocha e o Zeca Camargo, que dispensa apresentações. Em forma de entrevista, amos falar um pouco sobre as novas tendencias gastronomicas. Também haverá um coquetel antes do início do encontro onde servirei trufas brancas e pretas em conserva e, se a Receita Federal permitir, trufas frescas! Apareçam. Estão todos convidados. Basta entrar no site do Unibes Cultural(www.unibescultura.ogr.br) e fazer a inscrição… Abr e bon apetit! Maiores informações lá no site ou me mande um e mail…

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