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Atenas, Grécia e Istambul, Turquia – Tio, quero ir para Jerusalém, em Israel e para Istambul, na Turquia…- Que Istambul? Que Istambul? Aquilo é Constantinopla, aquilo é nosso, é grego. Após “digerir” a explosão de autêntica agressividade helênica, olho para meu tio. Um tio, óbvio, grego! Grego até o tutano. Espero baixar o fogo em seus olhos, tomo coragem e reformulo:- Desculpe tio, quero ir para Constantinopla, na Turquia. O que devo fazer lá? Onde devo ir? O que preciso conhecer?
O museu de Santa Sofia e o jornalista Paulo Panayotis
– Muito bem, serenou ele, em Constantinopla você deve conhecer o museu de Santa Sophia, o Gran Bazar e a Mesquita Azul, pontuou magnânimo! Além disso, prosseguiu com aquele ar professoral que todo grego mais velho adquire ao longo da vida, não deixe de visitar o mercado das especiarias e dar um passeio pelo estreito do Bosphoro, que liga o mar mediterrâneo ao mar negro.Esta conversa insólita, mas real, ocorreu em uma das primeiras vezes que fui a Grécia, visitar minha família. Era a década de 80. Era caro viajar de avião naquele tempo. Meu saudoso tio ainda estava vivo. Ele era meu guia, meu mapa, minha referência fora do Brasil. Fotógrafo por opção, publicitário por necessidade, conhecia o mundo todo em uma época que somente gente rica viajava pelo planeta. Tinha a maior inveja(boa)e o maior respeito por aquele grego pouco afável mas extremamente viajado. Os europeus, na verdade, são pouco amigáveis se comparados aos sul americanos e, em especial, a nós brasileiros. Enfim, uma prima que tem agência de viagens em Atenas ajudou com as passagens aéreas, a hospedagem. Estava prestes a conhecer um sonho de criança: Istambul, digo, Constantinopla, viu tio?
A mesquita azul vista a partir do Bosphoro
Além da fenomenal Basílica de Santa Sophia, hoje transformada em museu após pertencer a católicos e muçulmanos, e da Mesquita Azul, adornada com milhares de pequenos azulejos azulados (que lhe conferem o nome), havia muito mais a descobrir em Istambul. O Palácio de Topkapi (o palácio dos sultões à beira do Bósforo), o espetacular Dolmabahce, e a Torre de Galata, erguida pelos venezianos, eram apenas a ponta mais visível deste rico universo cultural que era Istambul, digo, Constantinopla, em minha mente. A realidade, no entanto, mostrou-se mais espetacular do que a própria imaginação. Não que isto importasse, mas eu esquecia o tempo todo que o povo era muçulmano. Em nada, no entanto, lembravam a postura rígida, séria e distante dos muçulmanos que havia conhecido em outros países. Ao contrario. Não fosse pelas burcas das mulheres (lenços que cobrem a cabeça/rosto das mulheres) diria que estava em um país com total liberdade religiosa. Não estava. Mas também, não importava. Os cânticos do Al Corão, livro sagrado do Islã, ecoando cinco vezes ao dia nas mesquitas não me deixavam esquecer…
Suco de Roma~ muito comum na Turquia
Mesmo assim, o clima, as pessoas, o ambiente, a comida, a cultura, tudo, enfim, passavam longe daquele estereotipo islamita que a televisão popularizou. Pessoas sorrindo pelas ruas, fumando desbragadamente e até mesmo jogando futebol, mostravam que Istambul, digo, Constantinopla, era bem mais que uma simples cidade.
Doce típico turco a base de mel e pistache
Muçulmana, católica, cosmopolita. Fiquei muito impressionado. Voltei 8 vezes! A última no final de 2013. Desta vez trouxe de lá bem mais que recordações e fotografias. Fiz várias reportagens às quais convido vocês a verem e lerem no meu portal O Que Vi Pelo Mundo (www.oquevipelomundo.com.br). Conheci, ainda, a Cisterna da Basílica, um complexo subterrâneo que abastecia de água toda a região dos palácios dos sultões e das grandes mesquitas bem no centro de Istambul, digo, de Contantinopla, ok tio?