A bordo da Vik Chile: enogastronomia em uma nave interplanetária!

Vale de Millahue, Chile

Paulo Panayotis

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A nave pousada

Vale de Millahue, Chile. É uma experiência! Vale o final de semana! Quando recebi o convite para conhecer a Vik Chile, fiquei curioso. Já havia ouvido falar. Mas entre ouvir falar e ver o que um norueguês excêntrico criou em território Chileno há uma enorme distância! A cerca de 200 quilômetros da capital, Santiago, repousa o sonho de Alexander e Carrie Vik.

Sonho enogastronômico sustentável posto em prática pelo casal Alexander e Carrie Vik

Encravada em meio a um vale, cercada de milhares de vinhas, repousa a Vik Chile, uma vinícola ultra moderna e seu hotel de alto luxo. Ou seria pousa?

A medida que chego mais perto o verbo pousar se encaixa mais do que repousar… Com teto de titânio, ares futuristas e muito brilho, desembarco no prédio principal do complexo de hotel/restaurante. Os antigos habitantes do local, os índios Mapuche, diriam que uma nave espacial pousou em território chileno.

Patio interno Zen

Somos muito orgulhosos do que estamos criando aqui, apressa-se a esclarecer Hugo Silvestrini, Gerente de vendas do complexo que foi me buscar no aeroporto. Tudo aqui é orgânico, sustentável e conectado com as raízes do lugar, vaticina o orgulhoso executivo.

Hugo Sivestrinie, Gerente de Vendas: orgulho!

Há poucas semanas trabalhando na Vik Chile, já vestiu a camisa – ou seria o traje espacial? “Tudo foi pensado para uma imersão total em integração com a natureza, tendo o vinho como fio condutor, completa ele.A sensação de nave espacial imediatamente se dissipa ao entrar no hotel. Decoração ultra moderna, colorida, classuda!

Todas as suítes com vista para os vinhedos e diferentes umas das outras

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Por suas 22 suítes temáticas, bom gosto e sofisticação em meio à natureza. Assinadas por diferentes arquitetos, tal natureza pode ser observada por meio da piscina de borda infinita ou dos grandes janelões das “habitaciones”.

Quem ama vinho tem que conhecer este lugar, penso eu comigo mesmo olhos perdidos no horizonte enquanto a noite cai.
Mas quem não é amante de tintos não tem do que reclamar.

Passeios a cavalo em meio aos vinhedos, de balão e pic nics com direito a um bom “assado” estão à disposição.

Gosta de cozinhar? O simpático Chef Rodrigo Acuña Bravo ensina a fazer empanadas caseiras com produtos locais gourmet!

Além disso, grande parte das atividades está incluída nas diárias que oferecem, ainda, café da manhã, almoço e jantar sempre harmonizados com os vinhos da propriedade.

O ex modelo que virou enologo

O nosso tinto, o Vik, é nosso carro chefe e temos a pretensão de estar construindo aqui um dos  futuros ícones do Chile e do mundo”, afirma o enólogo Cristián Vallejo. Responsável pela alquimia do desafio, Vallejo está no projeto há mais de uma década. “Desde a concepção, das primeiras parreiras, eu já ando por aqui, completa o ex modelo que sonha, com a alma viva, um dia estar no mesmos patamares que seus reconhecidos concorrentes.

Os três tintos da casa

São três os vinhos que experimento na degustação profissional que o Vik oferece. O Milla Cala 2012 envelhece por 20 meses em barris de carvalho francês. É um blend complexo: leva 50% de uvas cabernet Sauvigon, 35% carmenere, 8% cabernet franc, 45 merlot e 35 sirah. Suave porém com personalidade, é austero e brincalhão ao mesmo tempo. Por mim, poderia envelhecer ainda uns dois anos sem perder a dignidade! Parto para o vinho mais rebelde da casa, o La Piu Belle, 2012. Quase um adolescente, potente, prazeroso, semi indômito como um bom adolescente, permanece 23 meses em barris de carvalho francês! Confeccionado com o mesmo blend complexo do Milla Cala , somente alterna os percentuais das mesmas uvas. Mas a diferença é perceptível! Gostei. Perfeito para iniciar uma noite de sexta feira com os amigos.

Repouso de muitos meses em barris de carvalho novo francês: dignidade e paciencia!

O Vik 2012 é o carro chefe da propriedade com pretensões, digamos, interplanetárias no mundo do vinho. Mais uma vez, as cepas são as mesmas dos primos Milla Cala e La Piu Bella, mas os percentuais novamente variam. Com potentes 14% de álcool, é um senhor vinho: vetusto, saboroso, complexo! Engarrafado em fevereiro de 2015 após estagiar quase dois anos em barris de carvalho francês, está pronto hoje mas vive muito ainda!

A esplendorosa e minimalista entrada da “bodega”

Engraçado que, para mim, o vinho mudou da noite anterior para a degustação no dia seguinte. Não sei se foi a temperatura ou  se oxidou na taça durante a degustação, mas mudou.  Apreciei nas duas oportunidades. Necessito de uma terceira para ter certeza!

Sala de convivência e ponto de encontro dos hóspedes

Mas gostei mesmo do conjunto! Muita paz, natureza exuberante, produtos de primeira e vinoterapia: um show!

Vinoterapia: in vino veritas! 
Isso, claro, sem falar nos vinhos do Vale de Millahue. Dá prá entender porque o lugar é chamado pelos antigos povos Mapuche de “lugar do ouro”.

O jornalista visitou a Vik Chile a convite da vinícola e da Press Pod
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OTOS: Paulo Panayotis 

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