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A difícil arte de se preparar para a volatilidade

Investidores brasileiros viveram momentos de alta volatilidade nas últimas semanas. Como se preparar para essas sacudidas do mercado?
Por  Aline Tavares -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Quem acompanha o mercado financeiro já deve ter reparado a montanha-russa de eventos que nos acompanha ao longo da nossa trajetória de investimentos. E, no último ano, esse carrossel de emoções deu o que falar.

Além de vivermos o ano mais intenso e imprevisível por causa da pandemia, lockdowns e calendários de vacinações aqui e ao redor do mundo, nosso cenário interno também agitou bastante os mares já revoltos pelas notícias internacionais.

Os eventos do nosso cenário político constantemente nos deixam apreensivos sobre as decisões e consequências que poderão nos confrontar: PEC emergencial, risco fiscal, anulação de condenações do ex-presidente Lula, agenda econômica a ser votada no Congresso, decisões do Banco Central, movimentações do governo federal, possíveis ingerências políticas, troca de ministro da Saúde…

Como diz o slogan de uma camisa que vi outro dia na rua: “os brasileiros não têm um minuto de paz”.

Entretanto, as oscilações das cotações das ações do mercado financeiro são resultado de uma série de fatores que muitas vezes não estão relacionados ao valor intrínseco, ou o valor justo, de uma empresa.

Notícias sobre os cenários econômicos doméstico e internacional podem afetar de forma significativa o preço da ação, porém nem sempre elas afetam a capacidade da empresa de gerar valor para acionistas no longo prazo.

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De acordo com a teoria dos mercados eficientes, o preço dos ativos deveria refletir todas as informações disponíveis no mercado. Porém, sabemos que na prática o mercado não funciona dessa forma.

As tomadas de decisão dos investidores estão muito pautadas em suas emoções, vivências e medos. Em sua maioria, os indivíduos tendem a agir de forma irracional quando o assunto é dinheiro.

Aqui é importante fazermos a distinção do conceito de preço e valor.

Os preços das ações são determinados ao longo do dia de negociação, dependendo do fluxo de compradores e vendedores. O fluxo de negócios determina o preço de forma muito simples: se existem mais compradores do que vendedores, o preço sobe; se existem mais vendedores do que compradores, o preço cai.

Já o valor é aquilo que você acredita que a empresa realmente vale. É sempre bom ressaltar que ao adquirir uma ação de uma empresa você se tornará sócio ou sócia dela. Dessa forma, o valor é aquilo que você projeta, por meio de modelos de valuation, que ela pode te trazer de retorno.

Em tempos de euforia, é muito comum que, na expectativa de que o mercado continue subindo, o investidor impaciente faça aportes em empresas que estão supervalorizadas. Mas muitas vezes, no futuro, o preço tende a retornar ao valor justo.

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O contrário também é válido. Muitas vezes, em momentos de crise, nos quais as cotações estão despencando, esse mesmo indivíduo vende suas ações com medo de perder dinheiro, quando, na realidade, ele deveria estar realizando aportes.

Agora, a pergunta que mais recebo dos nossos assinantes é: “como faço para aprender a lidar com a volatilidade?”

Todos os aspectos ligados a finanças comportamentais nos investimentos são mais fáceis de serem falados do que colocados em prática. Manter o racional e a frieza para analisar o investimento diante de uma queda brusca é bem difícil.

Mas separei três dicas para que você consiga aprender a lidar melhor com a volatilidade, principalmente se está iniciando nesse mundo.

1. Verifique o tamanho da sua exposição

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Se a volatilidade da Bolsa está te tirando o sono, é importante descobrir se o tamanho da sua exposição a esse mercado está condizente com o seu perfil de risco.

Posições grandes demais, que deixem uma parcela muito significativa dos seus investimentos expostos a esse mercado que oscila muito, em geral não são aconselháveis.

Justamente porque, da mesma forma que existe uma possibilidade de ganhos significativos, as perdas também podem acontecer. Lembre-se de que esse mercado, como o próprio nome diz, é variável – para cima e para baixo.

2. Diversifique sua carteira

Quando você divide sua carteira em vários tipos de mercados e ativos, você está potencializando as possibilidades de retorno dos seus investimentos e pulverizando os riscos, de forma a não concentrar as possibilidades de perda em uma só modalidade.

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A diversificação serve para sua carteira de investimentos como um todo, não só para sua carteira de ações.

“A regra é clara, Arnaldo”: diversificação é a melhor forma de se proteger das oscilações de todos os mercados/setores. Para quem investe de forma atenta, essa é a alternativa para lidar com a imprevisibilidade atrelada ao mercado financeiro.

Muitos questionam se, ao reduzir os riscos, os potenciais de retorno também são reduzidos. A resposta é: não necessariamente.

O que você vai reduzir é a oscilação. Provavelmente, não lucrará o máximo possível com uma ação nem perderá o máximo possível com ela.

Neste ponto, torna-se importante esclarecer que a estratégia de diversificação não consiste apenas em diluir riscos. Ela também permite a garantia de melhores rentabilidades, de acordo com as alternativas de ganhos no longo prazo.

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3. Foque em boas empresas e no longo prazo delas

Quando você se foca no longo prazo, tem um grande aliado trabalhando a seu favor: o tempo.

O investimento em ações pode trazer duas formas principais, mas não únicas, de ganhos: a valorização das empresas ao longo do tempo e os proventos (como os famosos dividendos, por exemplo). E para isso não há limites.

Na primeira, você ganha com a alta de preços das ações, caso o mercado esteja precificando a melhora operacional, potencial de crescimento e de expansão das operações – se você escolher boas empresas, claro.

No segundo caso, quem mantém as ações no portfólio no médio/longo prazo tem direito a receber parte dos lucros. Esse direito dos acionistas possibilita, além disso, a construção de um portfólio que pode te proporcionar uma “renda passiva” entrando de forma periódica na sua conta por meio de proventos.

Essa abordagem dilui perdas e riscos relacionados aos maus ventos que essas empresas possam enfrentar pelo caminho no curto prazo.

Espero que com essas três dicas de investimentos você desenvolva um novo olhar para sua carteira de ações e entenda que as oscilações de curto prazo fazem parte do jogo, principalmente para investidores do mercado de ações.

A paciência, a persistência nas boas teses de investimentos, o foco no longo prazo e a diversificação são o que realmente vão te deixar encostar a sua cabeça no travesseiro com tranquilidade quando os mares do mercado estiverem revoltos.

Abraços,
Aline Tavares

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Aline Tavares Aline Tavares é analista de ações da Spiti. Analista CNPI e formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tem MBA em Finanças pelo Ibmec-RJ e MBA de Gestão de Investimentos pela PUC-Rio. Atuou na área de análise fundamentalista da Ágora Corretora e, por quase sete anos, esteve na área de gestão de investimentos do Infraprev, o fundo de pensão da Infraero. Acredita que conhecimento tem que ser compartilhado e, consequentemente, o acesso aos investimentos, democratizado. Tem como missão desmistificar a Bolsa de Valores e mostrar que todo mundo pode, sem medo, investir em ações.

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