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* por Tadeu Barros e Gabriela Ferolla
A sustentabilidade se consolidou como fator de atratividade e financiabilidade para organizações, projetos e políticas públicas. O movimento do mercado financeiro, notadamente influenciado pela BlackRock, na figura de seu CEO, Larry Fink, estabeleceu um novo norte de integração das práticas ESG (ambiental, social e de governança) às estratégias empresariais.
O alinhamento global de detentores e gestores de ativos a princípios e diretrizes para investimentos responsáveis explicitou, ao mesmo tempo, a demanda por projetos, organizações e políticas públicas qualificados para a captação dos amplos recursos disponíveis.
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O movimento está alcançando, também, as gestões governamentais. O desenvolvimento sustentável dos territórios se estabeleceu como diferencial competitivo para a alavancagem de recursos em nível municipal, estadual e federal.
A implementação de políticas públicas e projetos empresariais direcionados para o alcance da Agenda 2030 apresentou destaque neste contexto. Soluções para o financiamento de ações que contribuam com a efetivação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS foram modeladas e difundidas.
Destacam-se, no Brasil, as linhas de crédito específicas dos bancos de desenvolvimento regionais e nacional e a emissão de títulos sustentáveis (green bonds, social bonds e climate bonds). Os mais de três mil signatários dos Princípios para o Investimento Responsável – PRI também já se comprometeram com a implementação das metas globais. Vale ressaltar que mais de US$ 100 trilhões em ativos já estão sob a gestão destes princípios.
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Todo esse contexto de projeção da agenda de sustentabilidade para a financiabilidade possui um elo basilar: a transparência. As diretrizes internacionais recomendam a definição de parâmetros de mensuração quantitativos e qualitativos para a apuração dos resultados de impacto projetados ou alcançados pelas organizações, projetos e políticas públicas, além de recomendarem a sua comunicação periódica e assertiva para os públicos estratégicos.
Nesta década, declarada pela ONU a década da Restauração do Ecossistema (2021-2030), as ações implementadas pelos governos regionais e locais se refletem nas estratégias e metas de biodiversidade. Capacitar, qualificar e oferecer ferramentas de apoio à formação de líderes públicos é, neste sentido, um caminho essencial a ser trilhado visando a melhoria da qualidade da gestão pública e o consequente alcance de mudanças sistêmicas e significativas.
Com gestores públicos competentes e sintonizados com as demandas da sociedade, o Estado brasileiro é um aliado indispensável na luta contra os obstáculos que impedem o crescimento sustentável do país.
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O CLP criou, em 2011, o Ranking de Competitividade dos Estados, um levantamento pioneiro para ajudar gestores a tomarem decisões e compreenderem melhor o país e o estado onde vivem. Nove anos depois, foi a vez de desenvolver o Ranking de Competitividade dos Municípios, com 405 cidades, todas com mais de 80 mil habitantes, avaliadas por 55 indicadores.
Agora, em 2021, o levantamento ganhará camadas de análise a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance). Um trabalho de inteligência em parceria com a SEALL, que abrange mais de 30 bases de dados públicas brasileiras e sua relação com os critérios internacionais.
Se no início o ESG era uma preocupação apenas do setor privado, onde o assunto é mais disseminado, hoje cada vez mais os governos e os gestores públicos estão buscando se alinhar às práticas relacionadas à sustentabilidade.
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Passou da hora de diminuir o descompasso entre dados incompletos e bons modelos e hipóteses que permitam formular políticas ambientais efetivas para a conservação e uso da biodiversidade. O ESG está cruzando a fronteira do setor privado para o público.
Os entes governamentais, possuem uma grande oportunidade para aproveitar o movimento global por melhores práticas de governança, assumindo uma postura proativa, ao contrário de serem apenas, sujeitos passivos nesse processo.
* Tadeu Barros é diretor de Operações do CLP, e Gabriela Ferolla é diretora-executiva da SEALL e Head ESG do Grupo Houer