Ford e Volkswagen: o que esperar da nova aliança

Dentre as demais matérias que saíram na mídia, o consenso de todas é de que a “aliança“ focará sempre em veículos comerciais

Raphael Galante

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Na última terça-feira, em Detroit, as montadoras Ford e VW se reuniram para falar sobre a sua nova aliança global, o famigerado “projeto Cyclone”.

Houve coletiva de imprensa e, para variar, falou-se muito e nada ao mesmo tempo!

Houve aquele blá blá blá sem nenhuma explicação mais assertiva para o público.

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Mas, dentre as demais matérias que saíram na mídia, o consenso de todas é de que a “aliança” focará sempre em veículos comerciais.

Dêem uma googlada! Vocês verão em todas as matérias: “…blá, blá, blá, veículos comercias, blá, blá, blá…).

E é aí que a porca torce o rabo!

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O grande questionamento que faço é: O que é um veículo comercial? Tem a Ranger, a Amarok; assim como existem aqueles veículos comerciais, sabe, tipo um “caminhão”?

E aqui imagino onde está o pulo do gato.

Vamos lá, o que o estagiário aqui tá matutando:

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Não preciso fazer apresentações sobre a Ford e VW. Mas vamos detalhar a operação de caminhões das duas: a Volkswagen tem as operações (é dona) dos caminhões VW-MAN e  Scania; além de ter plantas em vários lugares do mundo. Já a Ford é dona da Ford Caminhões que tem operação no Brasil e na pacífica e organizada Turquia.

Em resumo, o americano tem uma jabuticaba na mão e não sabe o que é isso!

E o que isso tem a ver com essa aliança?

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Bom… voltando para terras tupiniquins tivemos, no glorioso ano de 2012, a implementação de uma nova norma que reduzia a emissão de poluentes dos caminhões fabricados (e comercializados) no Brasil (O Euro V ou P7). Essa mudança – para o setor – foi brutal! Basicamente, jogaram o motor antigo no lixo e criaram um novo (por exemplo, teve o Arla 32 que não existia nos motores).

E aí, entre os anos de 2022 e 2023 (2022 – produção dos novos caminhões; 2023 – obrigatoriedade de vender só caminhão novo), teremos a implementação de uma nova norma – o Euro VI ou P8.

Para se ter uma ideia da nova mudança nos motores, tem especialistas que falam que o novo motor chega a emitir até 95% menos poluentes do que o atual.

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O que isso significa?

Vai ser – novamente – um novo veículo! Isso significa que vai ter que haver algumas dezenas de milhões de Reais (se preferir: “centenas”) no desenvolvimento do novo “veículo comercial (caminhão)”.

Para o pessoal da VW-MAN, Scania, Volvo, M. Benz e afins vai ser mais tranquilo, pois a tecnologia já existe. É só importar e adequar ao mercado brasileiro. Agora, imagina para o americano que tem uma jabuticaba na mão; viu o mercado de veículos comerciais (caminhões) despencar (caiu quase 75% em 05 anos), e é preciso fazer um “senhor” investimento para continuar operando e permanecer lá com os seus 12% de mercado.

Conhecendo um pouco dos americanos, essa conta na cabeça deles não fecha em hipótese nenhuma!

Talvez em outros mercados possa existir uma sinergia entre as picapes e/ou veículos comerciais. Mas, por aqui, se a operação vingar, ela – na concepção do estagiário – vai entrar com tudo no mercado de caminhões. E vai ter que ser rápido, já que o apito final para a produção do caminhão atual é até 31/12/2021 (tenho três anos para fazer novos motores).

Ou seja, se bobear, vai rolar uma “AUTOLATINA – O REGRESSO”, mas para o setor de caminhões. Caminhões com roupagem da linha Cargo ou F, mas com mecânica VW.

A opinião final é de que a Ford deveria se livrar de vez desta bagaçada! Vender a operação inteira de caminhões: a planta em São Bernardo (o custo da planta deve ser exorbitante); jogar como ativo uma rede de concessionárias já montada e seguir o jogo. Por muito menos a Ford se livrou da Volvo e da Land Rover. Deveria se desfazer da operação de caminhões e  focar no seu core business central.

Interessado sempre tem e terá: ela já recebeu propostas pela operação; e sempre tem gente de olho no negócio, basta querer… ou, como diz a tia do cafezinho: Cavalo selado, só passa uma vez! Apareceu um segundo? Monte! Não vai ter um terceiro… #ficaadica

E ai, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui!

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva