Custos de Oportunidade: Vale a pena trocar de investimento?

Muitos investidores brasileiros tem parte do seu dinheiro aplicado em ações que desde 2008 não ainda não recuperaram seu valor. Apesar de muitas recomendações indicarem a manutenção da posição nessas ações, é importante se conhecer os custos de oportunidade envolvidos nessa decisão.

Felipe Medeiros

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Principalmente no mercado de ações, desde 2008 muitos investidores encontram-se presos em seus investimentos por acumularem grandes prejuízos. Com esperança fundamentada (ou não) no investimento de longo prazo, esses investidores aguardam pacientemente para que suas ações, fundos ou qualquer outro ativo recupere o valor que foi pago há alguns anos e ao longo do tempo possa resgatar seus investimentos por pelo menos este mesmo preço para que não tenha que “realizar” o prejuízo acumulado.

Apesar de esta ser a recomendação mais comum por boa parte dos analistas, assessores e outros participantes do mercado financeiro, em muitos casos pode não ser a melhor alternativa. Digo isto, pois existe um custo implícito em qualquer decisão de investimentos que nós economistas chamamos de “Custo de Oportunidade” e a maioria dos investidores não leva em consideração.

O conceito de custo de oportunidade é dado quando precisamos abandonar alguma coisa para que possamos obter uma outra em troca. Em outras palavras, o custo de oportunidade pode ser encontrado quando precisamos decidir pela compra de um bem A ou B considerando-se uma determinada restrição orçamentária na qual adquirir o bem A incorreria naturalmente no custo de não possuir o bem B (ou possuir uma quantidade menor desse bem).

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No mundo dos investimentos esse conceito se aplica facilmente no caso citado no início do texto, uma vez que ao deixar o capital parado em um ativo desvalorizado e com poucas chances de recuperação no curto prazo – ou em alguns casos até com potencial de uma desvalorização ainda maior – perde-se a chance de aplicar esse mesmo dinheiro em algo que renda com certeza a Selic no ano. Assim, deixar de ganhar a Selic é o custo de oportunidade dessa decisão de investimentos.

Mesmo Warren Buffet, o maior e mais famoso investidor do mundo e que possui uma conhecida filosofia de investimentos a longo prazo, também tem uma política de gestão de risco muito séria, na qual ao perceber que tomou alguma decisão equivocada deve realizar o prejuízo o quanto antes não somente para que a perda não seja ainda maior, como também para que possa reinvestir o valor em algum novo ativo mais interessante posteriormente.

A filosofia faz muito sentido quando você para pra pensar e percebe que segurar o prejuízo de um investimento que deu errado mesmo sabendo que errou é uma besteira sem tamanho, ao passo que quando temos ganhos somos ansiosos para colocar aquele dinheiro no bolso. Nesse sentido, o correto é fazermos justamente o contrário: segurar os ganhos por um longo prazo, e cortar os prejuízos pela raiz. Uma vez que a posição de perda já foi eliminada, conseguimos pensar com a mente limpa e maior tranquilidade para então pensar onde o erro ocorreu e com evitá-lo.

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Existem alguns métodos matemáticos que servem para auxiliar o investidor na tomada de decisões em relação aos investimentos e custos de oportunidade, como o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) que avaliam um determinado investimento em relação a uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA), isto é, uma taxa de retorno mínima para que valha a pena escolher um investimento frente ao outro. Entretanto esse tipo de indicadores nem sempre é fácil de se calcular, sobretudo em ativos de renda variável como o mercado de ações.

Assim, na dúvida é melhor que as posições em prejuízo e sem perspectiva clara de retorno sejam substituídas o quanto antes por novas alternativas que ofereçam retorno certo ou ao menos com chances maiores de retorno, como ativos de renda fixa, ou fundos multimercado pouco voláteis. Para o investidor mais agressivo, uma nova carteira de ações mais bem estruturada fará com que o prejuízo se recupere muito mais rápido do que uma espera prolongada e indefinida. Por isso, para os grandes investidores como Warren Buffett a regra mais importante para o sucesso nos investimentos é a preservação de seu capital e a conquista de ganhos consistentes a longo prazo, sendo mais importante inclusive que grandes ganhos em um curto espaço de tempo.