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Quem se permitir deixar uma provável antipatia de lado haverá de convir: a administração Michel Temer acabou se saindo melhor do que a encomenda. Principalmente se for levada em conta — esta sim — a herança nefasta deixada por Dilma Rousseff.
A instituição da Taxa de Longo Prazo (TLP), a Lei de Responsabilidade das Estatais, a reforma trabalhista e a própria geração de empregos alcançada durante o curto mandato explicam o porquê dessa percepção.
Verdade seja dita, a despeito das narrativas fabricadas do lado esquerdo da arquibancada, Temer só não deixará a Presidência da República com mais cartaz devido à histórica rasteira engendrada pelo PGR na época, Rodrigo Janot, em associação a uma barrigada jornalística até hoje difícil de ser compreendida.
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Não fosse o referido episódio, muito provavelmente a reforma da Previdência teria passado sem grandes sustos. Para dizer o mínimo, foi sintomático o timing de Janot, Miller e os irmãos Joesley.
Contudo, a partir de ontem o presidente deixou de ter direito a quaisquer muletas, por enervadas de motivos que elas sejam.
A partir de ontem, graças a sua postura covarde perante a chantagem do ministro Luiz Fux, chantagem essa que não somente deixa o Estado de cócoras como sangra os seus já combalidos cofres em defesa de uma casta, Temer merece a repulsa da sociedade.
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Quanto a Fux, claro, tampouco é digno de um tratamento melhor por parte do cidadão. Não após ter encurralado o País com uma frieza digna dos grandes canalhas da nossa dramaturgia.
Senão vejamos: em 2014, o ministro concedeu uma liminar que permitia a todos os juízes o direito ao auxílio-moradia. Segundo estimativa da comissão de Orçamento no Congresso, a medida, defendida inclusive por paladinos notórios como os juízes Sérgio Moro e Marcelo Bretas sob o pretexto de corrigir a demora no reajuste para a classe, custou a bagatela de R$ 450 milhões por ano à União.
Agora, mesmo com o país quebrado, Fux não hesitou em torcer o braço do governo e comprometer de maneira dramática o quadro fiscal em benefício próprio e de seus pares. O efeito cascata decorrente da sanção assinada ontem há de pesar singelos R$ 4 bilhões nas contas públicas.
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Entretanto, existe uma diferença óbvia entre esses dois personagens, tanto o chantagista quanto o acovardado: apenas o segundo recebeu mais de 50 milhões de votos.
Desde que assumiu o governo, Temer sofreu, por um lado, a perseguição de quem enxergou na sua imagem a usurpação do voto popular, e por outro, um misto de desprezo e admiração ponderada por ter substituído o PT.
Hoje, finalmente, merece o status de unanimidade.
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