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Lênin supostamente disse que para controlar a economia, bastava controlar os bancos. Apesar da minha opinião a respeito desse facínora ditador, não consigo contestar essa frase.
Os bancos representam muito da economia de um país e conseguem com certa facilidade controlar o fluxo de capitais, decidindo quem consegue empréstimos e quem não, quais empréstimos são renovados e a quais termos, etc. É um poder muito grande.
Agora imagine um país em que o governo controle não somente os maiores bancos – e, consequentemente, a commodity mais valiosa do mundo, o dinheiro – mas também controle a segunda commodity mais importante, o petróleo. Muitos pensariam que tal país fosse um dos chamados paraísos socialistas, como a Venezuela, mas a verdade é que esse país é o Brasil.
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A participação do governo na economia brasileira é bastante alta. Assim, porque o mercado financeiro no país é pouco desenvolvido (ou ele é pouco desenvolvido por causa do governo), as notícias ficam ao sabor da política.
Fluxos de caixa, análises e estudos ajudam bastante na hora de avaliar uma empresa, mas o principal fator, especialmente no curto-prazo, é o político. Política no Brasil é um fator enorme de incerteza e para os que não acompanham (por não terem estômago de avestruz), os riscos são maiores.
Imagina que há pouco mais de duas semanas, em uma sexta-feira, as ações da Celesc subiram 8% após especulações de que o governador iria deixar a empresa aumentar o preço dos seus serviços acima do previsto esse ano.
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O regulador do sistema já havia deixado a empresa aumentar os preços em cerca de 20% nos próximos 8 anos e o novo governador está tentando antecipar esse aumento para os próximos 2 anos.
Essas mesmas ações despencaram há alguns anos, após o então governador Roberto Requião dizer que não iria aumentar os preços.
Também há pouco mais de duas semanas a bolsa subiu e os juros caíram após um final de semana atípico, em que os parlamentares escolheram um senador mais alinhado ao governo, e não Renan Calheiros.
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Agora a bolsa está subindo na expectativa de aprovação da reforma da previdência. Mas que reforma? Ainda é muito cedo para saber se a tal reforma vai passar como está (tenho minhas dúvidas) ou se será uma versão diluída do que está aí. E como fica o judiciário nessa reforma?
Eu já escrevi bastante sobre isso e venho afirmando que a previdência social é muito parecida com um esquema pirâmide – a única diferença é que, no esquema pirâmide, você entra somente se quiser, enquanto a previdência é compulsória.
As pessoas que estão entrando no mercado de trabalho hoje estão pagando por isso, mas duvido que exista recursos para elas quando se aposentarem. As pessoas dizem que Bernard Madoff foi responsável pelo maior esquema pirâmide do mundo, mas eu acho que elas não conhecem a previdência social. Mas o mercado continua subindo, sempre com a mesma expectativa.
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Investir tentando adivinhar qual será o próximo tópico na agenda política e seu desembaraço não é investir para mim, é especular – e nada contra quem faz isso, contanto que saiba que está especulando e não investindo. O Brasil é um excelente país para isso. Mas para o investidor fundamentalista, olhar para empresas fora do país faz muito sentido. Lá, fluxos de caixa e análises têm peso maior do que tentar adivinhar o que políticos vão falar hoje ou amanhã.
Como já disse em posts anteriores, o melhor fator para mitigar o risco é comprar barato. As ações no Brasil, apesar de toda a euforia e de mais gente recomendando, não estão exatamente baratas, sendo negociadas a um P/L (preço/lucro) acima da média. Obviamente isso não quer dizer que vão cair, mas simplesmente que o risco está aumentando.
Como brasileiro estou animado com o novo governo e suas propostas, mas o mundo está se aproximando rapidamente de uma situação insustentável, com muita dívida, baixas taxas de juros (e, provavelmente cairão ainda mais) e potenciais conflitos, sendo o mais importante a disputa entre EUA e China. Já fiz vários podcasts sobre isso e entrevistei especialistas no setor que merecem ser ouvidos.
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Como já venho dizendo há um tempo, acredito que agora não é hora de se aumentar o risco nos portfólios no exterior. Com relação aos portfólios no Brasil, é recomendável consultar um experiente analista.
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