Pensando em comprar Vale para se expor à China? Melhor investir em cobre

Dr. Cobre, como é conhecida a commodity, pode estar sinalizando uma retomada no crescimento econômico dos mercados emergentes

Marcelo López

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As bolsas chinesas vêm subindo bem nos últimos dias, começando pela última quinta-feira, dia em que Trump anunciou mais tarifas, numa clara escalada da guerra comercial. Quando há uma notícia ruim e o mercado sobe mesmo assim, pode ser o início de um movimento contrário ou, ao que tudo indica, uma sinalização de virada nos mercados chineses (ou até mesmo os emergentes), que já sofreram bastante esse ano.

No passado, uma das maneiras mais óbvias de se aproveitar a oportunidade, seria comprar ações da Vale. Muitos fundos negociavam as ações da mineradora brasileira como uma maneira de se ter exposição à China, sem fazê-lo efetivamente (tanto na parte long, quanto na parte short). Acho que podemos fazer isso de outra maneira, por meio de uma commodity que está em baixa e tem potencial para os próximos anos: o
cobre.

Dr. Cobre, como é conhecida a commodity, pode estar sinalizando uma retomada no crescimento econômico dos mercados emergentes. Ele tem esse apelido por ter o “poder” de prever as viradas econômicas, dada a sua ampla gama de aplicações nos mais diversos setores da economia.

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Até mesmo para quem quer investir no setor de carros elétricos, o cobre é uma opção interessante, juntamente com o grafite, que não está passando por um momento de euforia agora, como estão o lítio e o cobalto. Para se ter uma ideia, um carro movido a combustão interna usa cerca de 25 kg de cobre, enquanto um elétrico usa cerca de 75 kg. Assim, para os que apostam que carros elétricos serão o futuro (e eu não iria discordar), o investimento em cobre e outros metais faz sentido.

Como podemos ver pelo gráfico abaixo, boa parte das maiores minas de cobre do mundo foram descobertas há mais de 100 anos. As 10 maiores representam cerca de 25% da produção global do metal, ou seja, há uma enorme concentração. Se houver uma greve (como já houve) ou algum problema em uma dessas minas, o impacto no mercado será significativo.

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Fonte: Company reports, MiningIntelligence, Wood Mackenzie

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Há uma mina em desenvolvimento na Mongólia (Oyu Tolgoi) que adicionará uma produção substancial, atingindo seu pico em 2025, com 560 mil toneladas/ano. Há também desenvolvimentos no Peru, Chile e Panamá, mas ainda insuficientes para suprir a demanda (assumindo que o mundo continuará crescendo).

Fora isso, as descobertas no setor estão diminuindo drasticamente (vide gráfico abaixo), o que impactará o preço futuro da commodity. E os custos de novos descobrimentos também estão subindo, reduzindo o apelo para novas descobertas e induzindo o preço a uma alta.

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Fonte: Hot Chili Limited/Australia

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Voltando ao nosso assunto inicial e uma maneira diferente de se aproveitar o que pode ser uma possível virada no mercado chinês (embora eu não aposte nisso), investir em cobre pode ser menos arriscado do que investir em ações chinesas diretamente, cujos índices são bastante carregados de empresas do setor financeiro, que, na minha opinião, possuem um risco alto.

O investimento em cobre permite uma exposição mais “diversificada”, tem potencial de alta no longo-prazo e, ainda, alta correlação com o mercado chinês.

Apesar da oportunidade de longo-prazo, o mercado de cobre não é tão simples quanto parece. É importante encontrar uma empresa que possua os requisitos necessários para que o investimento tenha uma boa relação entre risco e retorno. É importante que o metal minerado tenha baixos índices de poluentes, como mercúrio e arsênico, uma alta concentração e seja produzido em um país com leis descentes e boa infraestrutura para escoamento da produção. Além disso, temos que buscar empresas
com bons gestores e com foco no crescimento sustentável do negócio.

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Marcelo López

Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.