Buffett não está comprando – Por que deveríamos?

Nas palavras de Buffett, ao procurar oportunidades de investimento, ele busca algumas vantagens competitivas no negócio que são: management de qualidade e com foco no negócio; bons retornos nos ativos tangíveis; oportunidades para crescimento interno com retornos atrativos e um preço de compra que faça sentido. Segundo ele, esse último requisito barrou praticamente todos os negócios com os quais se deparou em 2017. Independente do que as pessoas dizem, temos que olhar o que elas estão fazendo. Ações falam mais alto que palavras. Se Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos, não está comprando ações, porque segundo ele os preços estão caros, por que eu e você deveríamos fazê-lo?

Marcelo López

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No último sábado, Berkshire Hathaway, empresa conhecida pelo seu CEO Warren Buffett, apresentou seu relatório anual. É sempre leitura obrigatória para nós gestores e eu pessoalmente recomendo.

Buffett discorreu sobre suas empresas, investimentos e o mercado em geral. Mas a parte que mais me chamou a atenção foi a posição da empresa em caixa, que subiu de altíssimos US$94,3 bilhões para assustadores US$125,3 bilhões. Para uma empresa com capitalização bursátil de USD$520 bilhões, US$125 bilhões representam quase 25%.

Nas palavras de Buffett, ao procurar oportunidades de investimento, ele busca algumas vantagens competitivas no negócio que são: management de qualidade e com foco no negócio; bons retornos nos ativos tangíveis; oportunidades para crescimento interno com retornos atrativos e um preço de compra que faça sentido.

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Segundo ele, esse último requisito barrou praticamente todos os negócios com os quais se deparou em 2017. Independente do que as pessoas dizem, temos que olhar o que elas estão fazendo. Ações falam mais alto que palavras. Se Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos, não está comprando ações, porque segundo ele os preços estão caros, por que eu e você deveríamos fazê-lo?

Estamos hoje no segundo maior período de recuperação da economia norte-americana, com mais de 100 meses de crescimento. O maior período foi de 1991 até 2001, quando os EUA cresceram 120 meses consecutivos. E, atualmente, temos o segundo maior índice Shiller PE da história, o que indica que os retornos daqui pra frente não serão tão bons quanto foram nos últimos anos.

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Com os bonds perto das máximas históricas, assim como as ações e o mercado imobiliário, esse bull market está se arrastando por muito tempo. A confiança ainda é grande e o medo de ficar de fora (FOMO – fear of missing out) obriga as pessoas a correrem riscos desnecessários em um momento em que a prudência deveria imperar. Como já falamos há algum tempo, é melhor ficar de fora nessa última parte do bull market – que, por definição, é a mais lucrativa -, deixar de ganhar um pouco mais (ou, como digo, parar de pegar moedinhas à frente do trator) e escapar ileso ao tentar ganhar os últimos centavos nesse já cansado bull market e perder milhões.

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Com certeza haverá outros bull markets, assim como bear markets. Talvez eu esteja falando cedo demais, mas é melhor agir antes dos outros e preservar o patrimônio. Obviamente não estou tentando prever quando a próxima crise atingirá os mercados e nem a gravidade dela. Assim, não estou recomendando aos investidores que fiquem totalmente fora do mercado – existem oportunidades fora dos EUA de empresas lucrativas, em países em crescimento, que estão sendo negociadas abaixo do valor que elas têm em caixa. E justamente caixa, num momento de crise, é o que todos buscam. Enquanto esperamos a crise chegar, vamos investindo em empresas sólidas e recebendo dividendos.

Buscamos uma margem de segurança nos nossos investimentos e vemos pouca nos EUA no momento. As queridinhas do mercado estão sendo negociadas a múltiplos que deixariam as empresas de tecnologia dos anos 90 com inveja. A Netflix, por exemplo, consome bilhões em caixa todos os anos e os “investidores” parecem não se importar. A Tesla, nosso short favorito, também está nas mesmas condições. Vamos falar dessas duas empresas num próximo post.

Por agora, a mensagem é simples: reduzir a exposição a risco – seja por meio de compra de ações de empresas com alto nível de caixa, seja através da redução do duration dos bonds, seja através da venda de bonds longos e/ou empresas deficitárias-, aumentar a posição em caixa para aproveitar futuras barganhas e buscar investimentos lucrativos com baixo risco em outros mercados.

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Marcelo López

Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.